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Quanto mais inteiro, mais belo

Certamente você já ouviu a frase: a beleza está nos olhos de quem vê. Ou presenciou alguma conversa sobre o que seria a beleza, ou o que é o belo?
Se buscarmos no dicionário comum, beleza seria uma característica do que é belo, que desperta encanto, admiração. Ou ainda, particularidade que contém equilíbrio, simetria, grandiosidade e harmonia.
O filósofo Platão, por sua vez, descreve que “a força do Bem, refugiou-se na natureza do Belo”, unindo o conceito de beleza ao de bondade. Isso se deve também a origem e significado da palavra para os gregos: kalokagathía, ou seja, beleza/bondade.
São João Paulo II, na Carta aos Artistas (1999), ao sublinhar o versículo 31, do livro de Gênesis, “Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa”, discorre sobre a união das duas palavras: “ao pôr em relevo que tudo o que tinha criado era bom, Deus viu também que era belo. A confrontação entre o bom e o belo gera sugestivas reflexões. Em certo sentido, a beleza é a expressão visível do bem, do mesmo modo que o bem é a condição metafísica da beleza. Justamente o entenderam os Gregos, quando, fundindo os dois conceitos, cunharam uma palavra que abraça a ambos.”
Mas que relação teria a beleza com a inteireza?
A beleza traz a bondade em sua essência, contém simetria e harmonia. Assim, ela supõe inteireza, plenitude de harmonia, simetria e bondade. Quanto mais inteira uma coisa for, mais bela ela se torna, pois ali estará todo o acúmulo do que há de Belo e Bom, afinal o Bom e Belo são um.
A beleza pode ser assim, um instrumento/uma escada para alcançar a inteireza (vale pontuar que não estamos tratando somente a beleza estética/exterior). Ao buscarmos as virtudes, por exemplo, buscamos tal harmonia, equilíbrio e bondade. O autoconhecimento nos auxilia na descoberta de situações que, em nós, são ruins, desarmônicas; que precisamos deixar, lutar, ou transformar em bem, em bondade, assim nos integrando cada vez mais, para que não sejamos vários fragmentos soltos, mas inteiros.
Ser inteiro, pleno, é um desejo íntimo de todo ser humano. A busca pela realização e satisfação pessoal, profissional, nos revelam isso todos os dias. Contudo, só seremos capazes de ser inteiros, diante da intimidade com Deus. O criador é quem nos conhece como ninguém, ele quem nos deu a identidade, nos mostrará quem de fato somos. E o livro de Gênesis (1,26-27) dá um spoiler disso, nos dizendo que somos Imagem e Semelhança dEle. Ele que é a Verdade, o Amor, a Bondade, a Beleza e a Plenitude.
Se a beleza está nos olhos de quem vê? Com certeza! Quanto mais inteiro for quem contempla, mais beleza conhece e conseguirá enxergar. Mas a beleza está também em quem é contemplado, à medida que este também for inteiro, refletirá beleza e o que é bom.

Fonte? Shalom