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Por que o meu pedido ‘nunca’ é atendido por Deus?

Em situações de grandes dores e aflições, é comum pensarmos que Deus “não nos escuta”, que Ele “nunca atende aos nossos pedidos”. A tristeza e a angústia, assim como a astúcia do Maligno, nos levam, muitas vezes, a pensar assim. É como se repetíssemos, interiormente, aquelas dramáticas palavras do salmista:

«Será que Deus vai rejeitar-nos para sempre? E nunca mais nos há de dar o seu favor? Por acaso, seu amor foi esgotado? Sua promessa, afinal, terá falhado? […] Eu confesso que é esta a minha dor: a mão de Deus não é a mesma: está mudada!» (Salmo 76,8-9.11)

Façamos, primeiro, um breve exercício: eliminemos da nossa pergunta inicial o advérbio ‘nunca’, pois não é verdadeiro! Apesar da dor que possamos estar atravessando agora, somos capazes de recordar não poucos momentos de graça e consolação que o Senhor nos concedeu ao longo da nossa vida, não é verdade? Um pouco de memória ajuda muito na hora da dor. Sendo assim, reformulemos melhor a pergunta:

Por que o meu pedido (às vezes) não é atendido por Deus?

Resposta simples: porque, não poucas vezes, pedimos mal; pedimos o que não nos convém em ordem à nossa conversão e santificação; pedimos com “segundas intenções”, sem um verdadeiro amor pelo Senhor e pela realização da Sua Santa Vontade sobre nós.

Na Carta de São Tiago, lemos: «Pedis sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois o que pedis, só quereis esbanjá-lo nos vossos prazeres» (Tg 4,3). Quando o nosso pedido, portanto, é mundano, nocivo para a nossa alma, Deus nunca nos atenderá, pois Ele quer sempre o nosso bem.

No entanto, outra é a situação de quem, com pureza de coração, pede o que realmente convém, o que é justo aos olhos de Deus. Nestes casos, a resposta do Senhor sempre chegará, ainda que não necessariamente nos modos e tempos que desejaríamos. Aqui, é importante cultivar aquela plena disponibilidade do coração, aquela abertura sincera e confiada na Providência do Nosso Pai amoroso.

Há quem logo é atendido pelo Senhor, e há também aqueles que só recebem a graça tanto suplicada depois de muito tempo e esforço. Em tudo isso, Deus não é caprichoso e arbitrário, mas nos trata de uma maneira realmente muito pessoal, dando a cada um o necessário, segundo a sua inefável Sabedoria e Misericórdia.

Assim foi o caso, por exemplo, de São Paulo. O Apóstolo havia implorado ao Senhor que o libertasse de uma dolorosa aflição, mas não foi atendido do jeito que ele queria:

«A esse respeito, roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. O Senhor, porém, me disse: “Basta-te a minha graça; pois é na fraqueza que a força se realiza plenamente» (2Cor 12,8-9).

Paulo queria livrar-se daquela aflição ─ pedido legítimo! ─, mas acabou recebendo do Senhor outra graça: a de sofrer e viver bem a fragilidade daquele momento para o bem da Igreja, para a salvação das almas.

Portanto, se a sua oração não está sendo atendida no momento, não se desespere, não se entristeça. Tenha paciência. Persevere. Faça um humilde exame de consciência e averigue, com sinceridade, se o que você está pedindo é realmente algo bom, útil para a sua conversão e santificação. Verifique também se, no fundo do seu coração, você está realmente desapegado e disponível para fazer a Vontade do Pai. Se assim for, tenha a certeza de que, no momento oportuno, como e quando Ele dispuser, você será muito bem atendido.

 

Fonte: A12