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O Ano Novo para um cristão

Nesta época são feitas muitas promessas, pedidos e novas resoluções

O tempo do Natal estende-se até a Epifania do Senhor, em 6 de janeiro (o famoso “décimo segundo dia”) e inaugura quarenta dias de festas natalinas, que se encerram em 2 de fevereiro, com a festa de Nossa Senhora das Candeias, ou da Purificação da Bem-aventurada Virgem Maria, também conhecida, por seu título grego, como festa da Apresentação do Senhor. Em outras palavras, há quatro círculos concêntricos de celebração: o Natal, sua Oitava, os doze dias e, por fim, os quarenta dias que se lhe seguem. Mas, ao ano que finda, é importante relembrar a mensagem que o menino Jesus deixou, porque, ainda que o mundo busque confundir as datas das comemorações litúrgicas, o Natal é a Boa Nova que veio para, como fala a canção, “o mundo ser feliz”.

Nesta época são feitas muitas promessas, pedidos e novas resoluções. São feitas novas metas para uma vida antiga, tudo porque no calendário, o último número do ano irá mudar e a esperança parece renascer. Entretanto, o nascimento Daquele que se fez menino indefeso é a manifestação máxima da esperança; é a manifestação máxima do fim da espera e da certeza do Cristo Salvador.

É certo que no ano novo vale a vontade de fazer e ser diferentes; vale querer melhorar; vale buscar se aprimorar; mas, é preciso entender que o Novo veio, que a Boa Nova aqui se fez carne para que a espera cessasse e o Amor predominasse. Cabe, agora, ser discípulo dessa mensagem e entender que a renovação não ocorre com a mudança no calendário, mas com a vontade e perseverança em levar esta Palavra para o mundo e para si.

É interessante pensar que na cronologia atual a passagem do Ano é próxima ao Natal porque tal fato reverbera a espera do Advento na Boa Nova do Natal, para a consequente mudança de vida no Ano Novo. Foi assim com Maria que, ao receber a visita do Anjo do Senhor, esperou pela vinda do Salvador e que ao nascer mudou, por completo, a sua vida. Assim também ocorreu com José, com todos os Apóstolos, com Paulo, com os mártires, com os Santos; com, enfim, todos aqueles que recebem Jesus, e se deixaram transformar suas vidas por completo.

Naqueles tempos remotos, não houve mudança no calendário para indicar um novo ano, mas com a chegada da Boa Nova, aqueles que se propuserem ser tocados, foram mudados, foram inevitavelmente transformados. É tempo de mudança, é o velho ano que finda; mas muito além de questões específicas no calendário, é hora de acolher ao Novo que já nasceu para o nosso bem.

Na conclusão de O Homem Eterno, Chesterton diz que o Evangelho é a boa notícia que parece muito boa para ser verdadeira. “Não é nada menos que a afirmação de que o criador do mundo o visitou pessoalmente”. O fato parece ter perdido significado e, principalmente, entendimento, mesmo entre os cristãos. Se ampliar a questão, é possível compreender tamanha importância em um Deus que se faz homem, ao comparar a crença greco-romano, por exemplo, e seus deuses inseridos na Mitologia. O entendimento do divino em nada tem a ver com a difundida pelo Cristianismo. Ao tratar da questão divinal na esfera greco-romana, os deuses, ainda que antropomórficos, não possuíam laço de amor com os humanos e, tampouco, possuíam o desejo de redimi-los e salvá-los de uma vida nefasta.

O Deus ao qual Paulo prega no Aerópago se difere completamente da noção divinal que os antigos possuíam, e tamanho amor causa até estranhamento em uma sociedade que enxergava a Lei do Talião como única saída, ou seja, olho por olho, dente por dente.
Ao fim de mais um ano, vale a pena refletir e entender que os projetos são bem-vindos, as metas são importantes, e que as novas escolhas são muito relevantes, mas o término de 2023 deve ser, primordialmente, a morte do velho eu e o nascimento para Deus. O novo que veio ao mundo por você deve ser a sua escolha diária para uma nova vida. Esse é o Mistério do Natal, esse é o Mistério da nossa fé, esse é o Mistério da vida que se renova com Ele e por Ele.

Fonte: Aleteia
Imagem: 925am | Shutterstock