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No casamento, é melhor conversar do que pensar mal do outro

“Meu relacionamento tem sido um desastre desde o começo.” Verdade ou impressão?
Um casamento em que marido e mulher alegam não ter diferenças entre eles, em que não há discussões, nem brigas pode denotar um sinal de indiferença que não é saudável. Essa situação visa evitar confrontos e faz mais mal do que bem. O casal busca uma zona de conforto falsa por não saber o valor que o outro tem como pessoa no desafio de construírem juntos a sua história de amor.
Como, nesta história, se deve ter um interesse autêntico na melhora do cônjuge e de tudo o que diz respeito ao projeto matrimonial, mais de uma vez é necessário discutir. Mas é preciso que esposo e esposa sejam claros, francos, diretos e saibam dizer o que se quer sem ferir os sentimentos do outro ou menosprezá-lo.
Pode ser uma aprendizagem árdua, em que é necessário aceitar as diferenças individuais como um benefício. Os defeitos e limitações do outro são uma oportunidade para desenvolver as próprias virtudes.
Mesmo que isso não seja “mamão com açúcar”, o certo é que “assim como sem vento a ave não pode voar”, sem as provas da convivência, o casamento não pode crescer. Por isso, as discussões moderadas no casamento são normais e necessárias.
Nessas discussões se devem evitar ou, pelo menos, esclarecer as presunções erradas que um cônjuge pode ter sobre o outro por sua maneira de dizer, pensar, fazer.
O que não pode é, ao invés de focar nos problemas, atacar a pessoa, afetando o respeito, a autoestima que sustenta o amor, fazendo brotar de tantas formas uma relação de violência que, quando entra em uma espiral ascendente, mata o amor.
As presunções – certas ou erradas – se fundem em experiências de vida que, em todas as pessoas, passam por uma estrutura de pensamento que filtra e dá forma a todas as ideias.
Os componentes desta estrutura são:
A percepção. É a forma como o cônjuge vê o outro com certa pretensão de verdade, com presunções como:
• Meu esposo não se interessa pelo que falo.
• Minha esposa não se veste como no começo.
A atribuição. Quando se constrói uma explicação sobre algo, atribuindo-lhe como causa determinados acontecimentos, estímulos, situações, contextos ou pessoas, fazendo julgamentos com presunções como:
• Meu esposo não se interessa pelo que faço, por isso não lhe importao que eu falo.
• Minha esposa já não me ama, por isso não se veste como no começo.
A expectativa. Quando, por certa experiência, esperamos que aconteçam coisas no futuro e se formam juízos como:
• Meu esposo não se interessa pelo que falo, já não o entusiasmo mais e ele pode deixar de me amar.
• Minha esposa não se veste como no começo, já não me ama da mesma forma, nosso casamento pode se transformar em uma desilusão.
A representação dos valores em uma situação correta. Quando se julga uma situação a partir de um único valor, as presunções podem ser:
• Meu esposo não se interessa por tudo o que eu lhe falo e isso é muito ruim, pois um bom marido sempre deve se interessar por tudo o que uma mulher considera importante.
• Minha esposa não se veste como no começo e manifesta fala de educação.
Como fazer presunções é a forma como todos aprendemos, os esposos devem abrir sua intimidade, expondo ambos seus pensamentos e dúvidas sobre o outro, pois só amamos o que bem conhecemos, mesmo que, ao fazê-lo, toquem a pobreza de suas humanidades.
Então, sabendo que seu amor está acima de tudo, isso se torna a maior motivação para se superar através do mútuo conselho e correção. E ser o mellhor presente um para o outro.
Um grande benefício ao amor conjugal é poder dizer o que pensamos, o que sentimos, o que nos afeta, o que consideramos atitudes erradas do cônjuge. Se as presunções estiverem certas, serão para corrigir e ajudar. Se estiverem erradas, para esclarecer e desculpar.
Em ambos os casos, é ajuda e crescimento mútuo.

Fonte: Aleteia