LITURGIA DO DIA 9 DE SETEMBRO DE 2024
SEGUNDA-FEIRA DA 23ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Vós sois justo, na verdade, ó Senhor, e os vossos julgamentos são corretos. Conforme o vosso amor, Senhor, tratai-me (SI 118,137.124).
Primeira Leitura: 1 Coríntios 5,1-8
Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 1é voz geral que está acontecendo, entre vós, um caso de imoralidade; e de imoralidade tal, que nem entre os pagãos costuma acontecer: um dentre vós está convivendo com a própria madrasta. 2No entanto, estais inchados de orgulho, ao invés de vestirdes luto, a fim de que fosse tirado do meio de vós aquele que assim procede? 3Pois bem, embora ausente de corpo, mas presente em espírito, eu julguei, como se estivesse aí entre vós, esse tal que tem procedido assim: 4em nome do Senhor Jesus – estando vós e eu espiritualmente reunidos com o poder do Senhor nosso, Jesus -, 5entregamos tal homem a satanás, para a ruína da carne, a fim de que o espírito seja salvo, no dia do Senhor. 6Vós vos gloriais sem razão! Acaso ignorais que um pouco de fermento leveda a massa toda? 7Lançai fora o fermento velho, para que sejais uma massa nova, já que deveis ser sem fermento. Pois o nosso cordeiro pascal, Cristo, já está imolado. 8Assim, celebremos a festa não com velho fermento nem com fermento de maldade ou de perversidade, mas com os pães ázimos de pureza e de verdade. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 5
Resposta: Na vossa justiça guiai-me, Senhor!
1. Não sois um Deus a quem agrade a iniquidade, / não pode o mau morar convosco; / nem os ímpios poderão permanecer / perante os vossos olhos. – R.
2. Detestais o que pratica a iniquidade / e destruís o mentiroso. / Ó Senhor, abominais o sanguinário, / o perverso e enganador. – R.
3. Mas exulte de alegria todo aquele / que em vós se refugia; / sob a vossa proteção se regozijem / os que amam vosso nome! – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, / eu as conheço, e elas me seguem (Jo 10,27). – R.
Evangelho: Lucas 6,6-11
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Aconteceu, num dia de sábado, 6que Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. 7Os mestres da Lei e os fariseus o observavam, para verem se Jesus iria curá-lo em dia de sábado e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio”. Ele se levantou e ficou de pé. 9Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto, o que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” 10Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor e disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem assim o fez e sua mão ficou curada. 11Eles ficaram com muita raiva e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Eles se encheram de raiva… (Lc 6,6-11)
O cenário é a sinagoga judaica, onde os judeus fiéis se reúnem todos os sábados para ouvir e partilhar a Lei e os Profetas. Diante deles está Jesus, nada menos que o Messias prometido por Deus e esperado há séculos por muitas gerações do povo escolhido. Exatamente aquele Messias de quem falava o profeta: “Ele não quebra o caniço já rachado, nem apaga o pavio já fraco de chama…” (Is 42,1-4)
Caniço rachado… pavio fumegante… Símbolos da fraqueza humana, marcada pela doença e pela dor, por todos os limites de nossa condição. Diante da humana miséria, Deus prometera um Messias – isto é, um Ungido, um Cristo – que viria para consolar, para reanimar e curar. Enfim, um Salvador.
E ali, bem no meio da sinagoga, chamado por Jesus ao centro das atenções, está o homem “de mão seca”, alguém que perdera os movimentos da mão. Neste momento, é ele o caniço rachado. É ele a mecha que ainda fumega. E Jesus faz a pergunta que devia encontrar a resposta em todas as promessas renovadas pelos profetas da Primeira Aliança: “Em dia de sábado, o que é permitido fazer: fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar morrer?”
Neste momento, com evidente intenção didática, o Mestre faz uma pausa e corre o olhar em torno, envolvendo a todos os presentes. O silêncio deixa todos em suspenso. Agora, ele diz ao deficiente: “Estende a mão!” E assim que este o faz, tem restabelecidos os movimentos da mão.
O milagre devia ser entendido como um “sinal”. O milagre sinaliza que o caniço pode ser renovado, e a chama ser devolvida ao pavio. Mais: pode clamar que ali está, bem à frente de todos, o Messias prometido.
Mas escribas e fariseus – os homens da Lei mosaica – estão aferrados ao preceito sobre o sábado, quando era interdito todo trabalho manual, inclusive a medicina. Daí a sua reação: encheram-se de raiva. Podiam encher-se de alegria, do mais profundo júbilo, se conseguissem clamar: “Ele chegou! O Messias está no meio de nós!”
Ainda hoje, existem religiosos irados, fiéis raivosos. Sua religião, que poderia ser uma nascente de louvor e ação de graças, é antes de tudo uma espécie de campanha guerreira, que consiste em refutar doutrinas, realçar os erros dos outros, acusar os pecadores e rogar o fogo do céu sobre eles.
Enquanto isso, o pavio fumega, à espera de um sopro de vida…
Orai sem cessar: “O Senhor dá a bênção e a vida para sempre!” (Sl 133,3b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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