LITURGIA DO DIA 30 DE DEZEMBRO DE 2024
SEGUNDA-FEIRA – OITAVA DO NATAL
(branco, glória – ofício próprio)
Antífona da entrada
Quando um tranquilo silêncio envolvia todas as coisas e a noite chegava ao meio do seu curso, a vossa Palavra onipotente, Senhor, desceu do céu, do vosso trono real (Sb 18,14s).
Primeira Leitura: 1 João 2,12-17
Leitura da primeira carta de São João – 12Eu vos escrevo, filhinhos: os vossos pecados foram perdoados por meio do seu nome. 13Eu vos escrevo, pais: vós conheceis aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevo, jovens: vós vencestes o maligno. 14Já vos escrevi, filhinhos: vós conheceis o Pai. Já vos escrevi, jovens: vós sois fortes, a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o maligno. 15Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. 16Porque tudo o que há no mundo – as paixões da natureza, a concupiscência dos olhos e a ostentação da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo. 17Ora, o mundo passa, e também a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 95(96)
Resposta: O céu se rejubile e exulte a terra!
1. Ó família das nações, dai ao Senhor, † ó nações, dai ao Senhor poder e glória, / dai-lhe a glória que é devida ao seu nome! – R.
2. Oferecei um sacrifício nos seus átrios, † adorai-o no esplendor da santidade, / terra inteira, estremecei diante dele! – R.
3. Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!” † Ele firmou o universo inabalável, / e os povos ele julga com justiça. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um dia sagrado brilhou para nós: / nações, vinde todas adorar o Senhor, / pois hoje desceu grande luz sobre a terra! – R.
Evangelho: Lucas 2,36-40
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 36havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Servia a Deus com jejuns e orações… (Lc 2,36-40)
A vida tem etapas. Todas elas têm seu sentido. O evangelista São Lucas “gastou” apenas três versículos para registrar a presença de uma profetisa que teria passado despercebida entre os anjos e os magos do Natal. Na juventude, Ana se casara. Acompanhara o marido por sete anos. Depois enviuvou e atingiu a idade incomum, na época, de oitenta e quatro anos. Mas a velhice não a reteve nos bordados e na cadeira de balanço: não saía do Templo, servindo a Deus com jejuns e orações.
Hoje, em plena sociedade de produção e consumo, as pessoas costumam ser avaliadas por sua produtividade e eficiência, de modo que os idosos, não raro, são vistos como “bananeira que já deu cacho” – assim dizem os roceiros. Considerados um peso inútil, os idosos correm o risco de introjetar essa imagem negativa, deixando de lado oportunidades reais, típicas da velhice.
É o caso do vovô que está sempre disponível para ouvir os netos. Mas é também a situação da vovó que passa boa parte de seu tempo debulhando as contas do rosário, verdadeira boia de salvação para muitos familiares que andam longe de Deus.
Os homens práticos se dedicam de bom gosto à vida ativa, vendo-se recompensados pelo fruto de seu trabalho pelo Reino de Deus, inclusive a ação pastoral e a evangelização, ao menos enquanto o corpo jovem o permite. E, natural, corremos o risco – observa o teólogo Garrigou-Lagrange – de “exagerar a necessidade de nossa cooperação, diminuindo a necessidade da oração e desprezando a eficácia de nossas súplicas e a atuação da Providência, que tudo dirige. Seria isto uma espécie de naturalismo prático. As almas provadas devem, ao contrário, rezar particularmente, pedir o socorro de Deus para perseverarem na fé, na confiança e no amor. É preciso dizer-lhes que, nessa dura provação, se continuam a rezar, este é um sinal de que, apesar das aparências, elas são atendidas; é que não se pode continuar a rezar sem uma nova graça atual. E Deus que, desde toda a eternidade, previu e quis nossas orações, suscita-as em nós”.
Bendita velhice que corta nossas asas, acostumadas a voarem alto, poda nosso orgulho, mas não rouba de modo algum a nossa “utilidade” para a Igreja, pois ainda nos permite uma vida dedicada à oração, que carrega permanentemente as baterias da máquina da Igreja!
Orai sem cessar: “Ainda na velhice eles darão frutos…” (Sl 92,15)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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