Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 29 DE JUNHO DE 2022

QUARTA-FEIRA DA 13ª SEMANA COMUM
(verde – ofício do dia)

Antífona da entrada
Povos todos, aplaudi e aclamai a Deus com brados de alegria (Sl 46,2).

Primeira Leitura: Amós 5,14-15.21-24
Leitura da profecia de Amós – 14Buscai o bem, não o mal, para terdes mais vida, só assim o Senhor Deus dos exércitos vos assistirá, como tendes afirmado. 15Odiai o mal, amai o bem, restabelecei a justiça no julgamento, talvez o Senhor Deus dos exércitos se compadeça do resto da tribo de José. 21“Aborreço, rejeito vossas festas, diz o Senhor, não me agradam vossas assembleias de culto. 22Se me oferecerdes holocaustos, não aceitarei vossas oblações e não farei caso de vossos gordos animais de sacrifício. 23Livra-me da balbúrdia dos teus cantos, não quero ouvir a toada de tuas liras. 24Que a justiça seja abundante como água e a vida honesta como torrente perene”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 49(50)
Resposta: A todos os que procedem retamente / eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
1. “Escuta, ó meu povo, eu vou falar; † ouve, Israel, eu testemunho contra ti: / eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus! – R.
2. Eu não venho censurar teus sacrifícios, / pois sempre estão perante mim teus holocaustos; / não preciso dos novilhos de tua casa / nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. – R.
3. Porque as feras da floresta me pertencem / e os animais que estão nos montes aos milhares. / Conheço os pássaros que voam pelos céus / e os seres vivos que se movem pelos campos. – R.
4. Não te diria se com fome eu estivesse, / porque é meu o universo e todo ser. / Porventura comerei carne de touros? / Beberei, acaso, o sangue de carneiros? – R.
5. Como ousas repetir os meus preceitos / e trazer minha Aliança em tua boca? / Tu, que odiaste minhas leis e meus conselhos / e deste as costas às palavras dos meus lábios! – R.

Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus nos gerou pela palavra da verdade / como as primícias de suas criaturas (Tg 1,18). – R.

Evangelho: Mateus 8,28-34Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 28quando Jesus chegou à outra margem do lago, na região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois homens possuídos pelo demônio, saindo dos túmulos. Eram tão violentos, que ninguém podia passar por aquele caminho. 29Eles então gritaram: “O que tens a ver conosco, Filho de Deus? Tu vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” 30Ora, a certa distância deles estava pastando uma grande manada de porcos. 31Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”. 32Jesus disse: “Ide”. Os demônios saíram e foram para os porcos. E logo toda a manada atirou-se monte abaixo para dentro do mar, afogando-se nas águas. 33Os homens que guardavam os porcos fugiram e, indo até a cidade, contaram tudo, inclusive o caso dos possuídos pelo demônio. 34Então a cidade toda saiu ao encontro de Jesus. Quando o viram, pediram-lhe que se retirasse da região deles. – Palavra da salvação.

Liturgia comentada
Os demônios foram para os porcos… (Mt 8,28-34)
Desde que a soberba onda racionalista saltou elegantemente das academias filosóficas para os institutos de teologia, virou moda negar a existência de anjos e demônios, logo transferidos para a estante da mitologia. Digamos a verdade: o tema tornou-se ocasião de risos e piadas.
Com isso, nasceu uma nova “exegese” da Escritura Sagrada que atribui as referências a demônios ao primitivismo dos evangelistas e de sua época. Explicam esses doutos racionalistas que os povos antigos desconheciam os fenômenos parapsicológicos, e mesmo doenças mentais e neurológicas, a ponto de confundirem alucinações e casos de epilepsia com a manifestação de “espíritos impuros” [pneumata akathárta, no texto grego], como são chamados nos Evangelhos.
Ora, enquanto os infelizes que rolavam pelo chão ou arrebentavam correntes de ferro eram apenas pessoas humanas, o argumento até que poderia ser justificado. Histeria? Alucinações coletivas? Quando, porém, a imaginada “epilepsia” se transfere aos suínos (sic), desafiando todos os conhecimentos da mais moderna ciência médica, fica bem difícil encaixar o fenômeno nos compêndios de parapsicologia, neurologia ou psiquiatria. Pobres dos porquinhos!
Será que Jesus Cristo – que se apresenta como “a Verdade” (cf. Jo 14,6) – teria mantido seus contemporâneos na ignorância em matéria tão grave? Ele ainda falaria de “maus espíritos” ou “demônios” se aqueles fenômenos se reduzissem simplesmente a desequilíbrios do humano psiquismo?
Por outro lado, o vocabulário dos evangelistas distingue claramente as doenças [nóson / astheneía] dos casos típicos de possessão demoníaca [daimonizômenoi]. Aliás, um é o verbo para “curar” as doenças [therapêuein, iáomai], outro é o verbo para “expulsar” demônios [ek-bállo].
Por fim, já não é possível confundir exorcismos com tratamento médico, quando o próprio Jesus afirma aos 72 discípulos que voltavam, alegres, de sua primeira missão evangelizadora: “Eu vi Satã cair do céu como um relâmpago”. (Lc 10,18)
Se os egrégios docentes de teologia trocassem suas assépticas salas de aula por um estágio nos confessionários ou nas equipes de aconselhamento, certamente seriam convencidos da existência dos demônios, já que não lhes basta a audiência dos noticiários da TV…
Orai sem cessar: “Senhor, tu és meu auxílio e meu libertador!” (Sl 70,6b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.