Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 27 DE MAIO DE 2024

SEGUNDA-FEIRA DA 8ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
O Senhor tornou-se meu protetor e me conduziu para um lugar espaçoso; ele me salvou, porque me ama (Sl 17,19s).
Primeira Leitura: 1 Pedro 1,3-9
Leitura da primeira carta de São Pedro – 3Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo 4para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, que não estraga, que não se mancha nem murcha e que é reservada para vós nos céus. 5Graças à fé e pelo poder de Deus, vós fostes guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos. 6Isso é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações. 7Desse modo, a vossa fé será provada como sendo verdadeira – mais preciosa que o ouro perecível, que é provado no fogo – e alcançará louvor, honra e glória no dia da manifestação de Jesus Cristo. 8Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, 9pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 110(111)
Resposta: O Senhor se lembra sempre da Aliança.
1. Eu agradeço a Deus de todo o coração / junto com todos os seus justos reunidos! / Que grandiosas são as obras do Senhor, / elas merecem todo o amor e admiração! – R.
2. Ele dá o alimento aos que o temem / e jamais esquecerá sua Aliança. / Ao seu povo manifesta seu poder, / dando a ele a herança das nações. – R.
3. Enviou libertação para o seu povo, / confirmou sua aliança para sempre. / Seu nome é santo e é digno de respeito, / permaneça eternamente o seu louvor. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, Senhor nosso, / embora sendo rico, / para nós se tornou pobre, / a fim de enriquecer-nos mediante sua pobreza (2Cor 8,9). – R.
Evangelho: Marcos 10,17-27
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 17quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!” 20Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21Jesus olhou para ele com amor e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” 22Mas, quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24Os discípulos se admiravam com essas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
E terás um tesouro… (Mc 10,17-27)
Para receber o presente, a condição é abrir as mãos… Se as mãos estão cheias, ocupadas, como haveriam de acolher a dádiva inesperada?
Este Evangelho é rico de sugestões. Narra o encontro de um jovem bom, cumpridor da Lei. Ele deve ter ouvido a pregação de Jesus e alguma coisa se moveu em suas entranhas. É provável que nem mesmo ele soubesse por quê, mas ei-lo de joelhos, prostrado ao solo diante do Mestre. Diante do único que é bom…
Sendo um jovem rico, havia crescido na abundância e herdara os bens da família. Todo mundo sabe que não são “coisas” assim – terras, casas, rebanhos… – o que pode preencher o coração do homem. Natural que uma impressão de vazio interior o rondasse aqui e ali.
Naquele dia, juntou-se à multidão que acompanhava o Rabi da Galileia. Ouviu suas palavras entre o encantamento e o espanto. De quê teria falado o Mestre? Ouso adivinhar: lembrou as aves do céu, que não semeiam nem colhem, mas são alimentadas pelo Pai celeste… E os lírios do campo, cujo manto de ouro excede em muito as túnicas de Salomão… Teria comentado, ainda, que o Filho do Homem não tinha uma pedra, ao menos, para descansar a cabeça… Coisas assim, novidade absoluta para o jovem inquieto…
Quando o jovem conversou com Jesus, logo após ter declarado com candura que observava toda a Lei, cumpria todos os mandamentos, aconteceu algo inesperado: Jesus olhou para ele e viu que era amável. Olhou-o com amor.
E foi por amar o jovem que Jesus decidiu exigir dele muito mais que a Lei seca do Sinai. Em seu olhar de amor, que vai ao âmago da alma, Jesus percebeu que o jovem ainda não estava pleno. E disse: “uma coisa te falta…”
O jovem pode ter pensado: “Alguma coisa me falta? Mas eu tenho tudo!” E Jesus: “Vai. Vende tudo. Dá aos pobres. Depois, vem e segue-me!” E o jovem rico ficou triste.
Triste, não por ter de deixar seus bens. Triste, ao descobrir, inesperadamente, que não era tão bom quanto pensava. Triste, ao perceber, pela primeira vez, que seu coração estava preso.
Afastou-se o jovem, diz o Evangelho. Mas não disse por quanto tempo… Eu não ficaria admirado se o bom rapaz estivesse entre os 120, na manhã de Pentecostes, depois de ter distribuído seus bens e, livre e leve, passado a seguir aquele Rabi de olhos profundos, cujo amor vale mais que todos os tesouros…
Orai sem cessar: “Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração.” (Mt 6,21)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.