LITURGIA DO DIA 20 DE DEZEMBRO DE 2024
SEXTA-FEIRA DA 3ª SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento II ou IIA – ofício do dia)
Antífona da entrada
Um ramo brotará da raiz de Jessé; a glória do Senhor encherá a terra inteira, e toda criatura verá a salvação de Deus (Is 11,1; 40,5; Lc 3,6).
Primeira Leitura: Isaías 7,10-14
Leitura do livro do profeta Isaías – Naqueles dias, 10o Senhor falou com Acaz, dizendo: 11“Pede ao Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, quer provenha da profundeza da terra, quer venha das alturas do céu”. 12Mas Acaz respondeu: “Não pedirei nem tentarei o Senhor”. 13Disse o profeta: “Ouvi, então, vós, casa de Davi: será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus? 14Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 23(24)
Resposta: O Senhor vai entrar, é o Rei glorioso!
1. Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, / o mundo inteiro com os seres que o povoam; / porque ele a tornou firme sobre os mares / e, sobre as águas, a mantém inabalável. – R.
2. “Quem subirá até o monte do Senhor, / quem ficará em sua santa habitação?” / “Quem tem mãos puras e inocente coração, / quem não dirige sua mente para o crime. – R.
3. Sobre este desce a bênção do Senhor / e a recompensa de seu Deus e salvador.” / “É assim a geração dos que o procuram / e do Deus de Israel buscam a face.” – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó Chave de Davi, / que abre as portas do Reino eterno: / oh, vinde e livrai do cárcere o preso, / sentado nas trevas! – R.
Evangelho: Lucas 1,26-38
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – 26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
A Virgem conceberá… (Is 7,10-14)
Tenho diante dos olhos uma reprodução do ícone da “Virgem do Sinal”, inspirado no protoevangelho de Isaías 7, 14. Esta passagem fala do Emanuel, “Deus-conosco”. Diferente das “Hodighítrias” (como a conhecida N. Sra. do Perpétuo Socorro, com a mão direita a apontar o “caminho” Jesus), diferente também das “Eleúsas” (com o Filho no colo, abraçado com ternura, como no ícone de Vladimir), trata-se de um ícone do tipo “orante”: Maria tem os braços erguidos para o céu.
No seu ventre sagrado, em forma de um medalhão, vê-se Jesus, o Emanuel. Mas nada tem a ver com os “bambinos” do Renascimento italiano. Ele possui estatura de adulto, vestido de ouro – a divindade – e de púrpura – a realeza. Nas mãos, traz um rolo, pois Ele é o Verbo, a Palavra de Deus que se encarnaria, nascendo de Mulher.
A profecia de Isaías se antecipa ao fato da Encarnação em cerca de 750 anos. Os profetas “veem” o futuro e, com sua visão, animam o povo a confiar nas promessas do Senhor. Em um tempo de incertezas, sob a ameaça de inimigos poderosos que poderiam causar a destruição de Israel, o próprio Rei Acaz busca segurança em alianças militares com poderes deste mundo. Quando Isaías vai a seu encontro, o rei supervisionava os trabalhos na captação de água, preparando um reservatório e prevenindo-se para o cerco de Jerusalém. A velha história de contar apenas com os recursos humanos…
Acaz se recusa a pedir a Deus um sinal de sua presença como defensor de seu povo. Isaías, então, diante da negativa do rei, retruca com a profecia desta leitura: “Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal!” Deus se “oferece” e dá o sinal que o rei não pediu! O “sinal” é uma impossibilidade humana: a Virgem conceber! Ainda hoje, este sinal incomoda os racionalistas de plantão, como se Deus não fosse o Senhor da vida e da morte, das concepções e das paradas cardíacas!
Mas o que importa é outra coisa: nosso Deus é um “Deus-conosco”. Isto é, não apenas um Deus entre os homens, em nosso grupo social, mas um “Deus-na-carne”, que assume por inteiro a nossa condição. Ao contrário dos deuses do Olimpo, Ele não flutua acima do mundo real, mas participa plenamente de nossa vida: tem fome e sede, trabalha e sua, sangra e morre.
Desde então, o Natal não pode ser visto como lenda piedosa. É o “sinal” do louco amor de Deus por todos nós…
Orai sem cessar: “Eu vos tomarei como meu povo!” (Ex 6,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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