Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 19 DE JUNHO DE 2024

QUARTA-FEIRA DA 11ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Escutai, Senhor, a voz do meu apelo. Sede meu amparo; não me rejeiteis nem me abandoneis, ó Deus, meu salvador (Sl 26,7.9).
Primeira Leitura: 2 Reis 2,1.6-14
Leitura do segundo livro dos Reis – 1Quando o Senhor quis arrebatar Elias ao céu, num redemoinho, Elias e Eliseu partiram de Guilgal. 6Tendo chegado a Jericó, Elias disse a Eliseu: “Permanece aqui, porque o Senhor me mandou até o Jordão”. E ele respondeu: “Pela vida do Senhor e pela tua, eu não te deixarei”. E partiram os dois juntos. 7Então, cinquenta dos filhos dos profetas os seguiram e ficaram parados, à parte, a certa distância, enquanto eles dois chegaram à beira do Jordão. 8Elias tomou então o seu manto, enrolou-o e bateu com ele nas águas, que se dividiram para os dois lados, de modo que ambos passaram a pé enxuto. 9Depois que passaram, Elias disse a Eliseu: “Pede o que queres que eu te faça antes de ser arrebatado da tua presença”. Eliseu disse: “Que me seja dada uma dupla porção do teu espírito”. 10Elias respondeu: “Tu pedes uma coisa muito difícil. Se me vires quando me arrebatarem da tua presença, isso te será concedido; caso contrário, isso não te será dado”. 11E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam, um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoinho. 12Eliseu o via e gritava: “Meu pai, meu pai, carro de Israel e seu condutor!” Depois, não o viu mais. E, tomando as vestes dele, rasgou-as em duas. 13Em seguida, apanhou o manto que Elias tinha deixado cair e, voltando sobre seus passos, estacou à margem do Jordão. 14Tomou então o manto de Elias e bateu com ele nas águas, dizendo: “Onde está agora o Deus de Elias?” E bateu nas águas, que se dividiram para os dois lados, e Eliseu atravessou o rio. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 30(31)
Resposta: Fortalecei os corações, / vós que ao Senhor vos confiais!
1. Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, / que reservastes para aqueles que vos temem! / Para aqueles que em vós se refugiam, / mostrando, assim, o vosso amor perante os homens. – R.
2. Na proteção de vossa face os defendeis / bem longe das intrigas dos mortais. / No interior de vossa tenda os escondeis, / protegendo-os contra as línguas maldizentes. – R.
3. Amai o Senhor Deus, seus santos todos, † ele guarda com carinho seus fiéis, / mas pune os orgulhosos com rigor. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem me ama, realmente, guardará minha palavra / e meu Pai o amará, e a ele nós viremos (Jo 14,23). – R.
Evangelho: Mateus 6,1-6.16-18
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo, eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. 5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo, eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo, eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
–Quando deres esmola… (Mt 6,1-6.16-18)
A esmola está em baixa. Há quem diga que a esmola estimula a preguiça dos vagabundos. Outros afirmam que ela humilha o beneficiado. Naturalmente, é preciso ouvir a opinião dos que passam fome, eles podem discordar…
Curiosamente, os “Manuscritos” de Santa Teresinha de Lisieux registram experiências de esmola em sua infância. Aliás, quando saíam a passear pelas ruas, Mr. Martin, seu pai, dava-lhe previamente moedinhas para distribuir aos mendigos. “Um dia, vimos um que se arrastava penosamente sobre muletas. Aproximei-me e lhe dei um centavo (un sou); mas não se achando bastante pobre para receber a esmola, olhou-me sorrindo tristemente e recusou-se a tomar o que eu lhe oferecia. Não posso dizer o que se passou em meu coração. […] Embora tivesse apenas seis anos, disse para mim mesma: ‘Rezarei pelo meu pobre no dia da minha primeira comunhão’.” (Man. A, 52)
O fato de que a Pequena Teresa cumpriria sua promessa, seis anos depois, nos leva a aproximar a esmola da oração. Nosso compromisso com o próximo inclui as necessidades materiais e as espirituais. As comunidades monásticas, que vivem na clausura, são um admirável exemplo dessa caridade invisível.
Outra “esmola” mais aceitável em clima de Séc. XXI é o trabalho solidário realizado através das ONGs, de entidades de serviço como os “Médicos sem Fronteiras”, a Cruz Vermelha, missionários cristãos, pastoral carcerária e grupos semelhantes. De fato, dedicar ao próximo o próprio tempo, o próprio trabalho, incluindo riscos para a saúde e para a vida, é uma esmola que não merece críticas.
Vale lembrar que a palavra esmola vem do latim [eleemosyna], a partir de raízes gregas, onde o substantivo “elaion” [azeite] e o verbo “eleeô” [despertar compaixão por meio de palavras] estão situados no campo semântico de piedade, misericórdia. No ato penitencial, na missa em latim, a súplica “Kyrie, eleison” repete o gesto do mendigo que estende a mão vazia e espera por uma resposta de compaixão.
Em suma: diante de Deus, nós somos mendigos à espera de seu perdão e de sua cura. Iniciamos nossas celebrações recordando nossa miséria, nossa extrema indigência, esperando que ela toque o coração de Deus, remexa com suas entranhas. De fato, nos Evangelhos, quando Jesus se compadece, logo antes de fazer uma cura ou reanimar um morto, o verbo grego é “esplagnysthe”. Da mesma raiz – splen – em português formou-se o adjetivo esplênico, relativo ao “baço”, indicando o realismo visceral das emoções de Jesus.
Digamos, então, que a esmola é inseparável da capacidade de comover-se com a dor alheia, sentir um frio na barriga e… abrir as mãos…
Orai sem cessar: “Este pobre pediu socorro e o Senhor o ouviu…” (Sl 34,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.