LITURGIA DO DIA 17 DE OUTUBRO DE 2024
QUINTA-FEIRA – SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA – BISPO E MÁRTIR
(vermelho, pref. comum, ou dos mártires – ofício da memória)
Antífona da entrada
Com Cristo estou pregado na cruz; eu vivo, mas já não sou eu: é Cristo que vive em mim; vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2,19s).
Primeira Leitura: Efésios 1,1-10
Início da carta de São Paulo aos Efésios – 1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus: 2a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 3Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo no céu. 4Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. 5Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, 6para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. 7Pelo seu sangue, nós somos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas, segundo a riqueza da sua graça, 8que Deus derramou profusamente sobre nós, abrindo-nos a toda sabedoria e prudência. 9Ele nos fez conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio benevolente que de antemão determinou em si mesmo, 10para levar à plenitude o tempo estabelecido e recapitular, em Cristo, o universo inteiro: tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 97(98)
Resposta: O Senhor fez conhecer seu poder salvador / perante as nações.
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória. – R.
2. O Senhor fez conhecer a salvação / e, às nações, sua justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa de Israel. – R.
3. Os confins do universo contemplaram / a salvação do nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai! – R.
4. Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa / e da cítara suave! / Aclamai, com os clarins e as trombetas, / ao Senhor, o nosso rei! – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida, / ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo 14,6). – R.
Evangelho: Lucas 11,47-54
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse o Senhor: 47“Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas; no entanto, foram vossos pais que os mataram. 48Com isso, vós sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais, pois eles mataram os profetas e vós construís os túmulos. 49É por isso que a sabedoria de Deus afirmou: Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão alguns deles, 50a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas derramado desde a criação do mundo, 51desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu vos digo, serão pedidas contas disso a esta geração. 52Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes e ainda impedistes os que queriam entrar”. 53Quando Jesus saiu daí, os mestres da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal e a provocá-lo sobre muitos pontos. 54Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa, por qualquer palavra que saísse de sua boca. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
A chave da ciência… (Lc 11,47-54)
A Torah – a Lei do Sinai – fora dada a Israel para iluminar o seu caminho. No entanto, os doutores da Lei a transformaram em um fardo impossível de suportar, sobrecarregando o povo com uma enxurrada de preceitos que envolviam toda a vida social e familiar. Por isso a recriminação de Jesus contra os “doutores” que tornaram impenetrável o Reino de Deus.
Como comenta Romano Guardini, “proclamada em sua substância no Sinai, a Lei foi amplificada no decorrer do tempo, levando em conta mudanças históricas e necessidades sociais. Acabou por enquadrar completamente a vida do povo. Ela regulava as relações dos homens entre si, da autoridade e do povo, dos grupos entre si, de um membro da família com outro, dos cidadãos com os estrangeiros. Regrava os diferentes aspectos da vida pública: propriedade, direito civil e criminal etc.”
“Regulava também as relações com Deus: o serviço do Templo, dias sagrados, festas e calendário. Tudo era regrado em detalhes, minuciosamente. Nisto se manifestava uma profunda concepção das coisas, uma grande sabedoria, um judicioso conhecimento da psicologia humana, tanto individual quanto familiar e social.”
O sistema de preceitos e normas tornou-se tão complexo, que exigiu o nascimento da nova profissão: o doutor da lei. Sua atuação transformou a Lei de Deus em rede que sufocava toda a vida do povo. Ajunte-se a isso a hipocrisia decorrente da tentativa de simular uma fidelidade à Lei impossível de viver.
“No exterior – comenta Guardini – havia um impecável conformismo; no interior, o endurecimento do coração. Por fora, a fidelidade material à Lei; por dentro, o pecado, mas o pecado que não se reconhecia, pecado do qual não se arrependia e para o qual não se desejava a redenção.
Jesus manteve distância dessa mentalidade que o acusava continuamente – a ele, o livre Filho de Deus – de pecar contra a Lei, desobedecer a seus mandamentos, quebrar as tradições, profanar o Templo, trair o povo, impedir o cumprimento da Promessa.”
Não admira que a mensagem de Jesus – fundamentada em uma obediência livre e amorosa ao Pai – fosse rejeitada pelos religiosos de seu tempo. O sagrado passara a ser instrumento de pecado.
Em tempos de Nova Aliança, evitemos repetir o erro da Antiga…
Orai sem cessar: “A lei de seu Deus está no coração do justo…” (Sl 37,31)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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