LITURGIA DO DIA 17 DE JUNHO DE 2024
SEGUNDA-FEIRA DA 11ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Escutai, Senhor, a voz do meu apelo. Sede meu amparo; não me rejeiteis nem me abandoneis, ó Deus, meu salvador (Sl 26,7.9).
Primeira Leitura: 1 Reis 21,1-16
Leitura do primeiro livro dos Reis – Naquele tempo, 1Nabot de Jezrael possuía uma vinha em Jezrael, ao lado do palácio de Acab, rei de Samaria. 2Acab falou a Nabot: “Cede-me a tua vinha, para que eu a transforme numa horta, pois está perto da minha casa. Em troca eu te darei uma vinha melhor ou, se preferires, pagarei em dinheiro o seu valor”. 3Mas Nabot respondeu a Acab: “O Senhor me livre de te ceder a herança de meus pais”. 4Acab voltou para casa aborrecido e irritado por causa dessa resposta que lhe deu Nabot de Jezrael: “Não te cederei a herança de meus pais”. Deitou-se na cama, com o rosto voltado para a parede, e não quis comer nada. 5Sua mulher Jezabel aproximou-se dele e disse-lhe: “Por que estás triste e não queres comer?” 6Ele respondeu: “Porque eu conversei com Nabot de Jezrael e lhe fiz a proposta de me ceder a sua vinha pelo seu preço em dinheiro ou, se preferisse, eu lhe daria em troca outra vinha. Mas ele respondeu que não me cede a vinha”. 7Então sua mulher, Jezabel, disse-lhe: “Bela figura de rei de Israel estás fazendo! Levanta-te, toma alimento e fica de bom humor, pois eu te darei a vinha de Nabot de Jezrael”. 8Ela escreveu então cartas em nome de Acab, selou-as com o selo real e enviou-as aos anciãos e nobres da cidade de Nabot. 9Nas cartas estava escrito o seguinte: “Proclamai um jejum e fazei Nabot sentar-se entre os primeiros do povo, 10e subornai dois homens perversos contra ele, que deem este testemunho: ‘Tu amaldiçoaste a Deus e ao rei!’ Levai-o depois para fora e apedrejai-o até que morra”. 11Os homens da cidade, anciãos e nobres concidadãos de Nabot, fizeram conforme a ordem recebida de Jezabel, como estava escrito nas cartas que lhes tinha enviado. 12Proclamaram um jejum e fizeram Nabot sentar-se entre os primeiros do povo. 13Chegaram os dois homens perversos, sentaram-se diante dele e testemunharam contra Nabot diante de toda a assembleia, dizendo: “Nabot amaldiçoou a Deus e ao rei”. Em virtude disso, levaram-no para fora da cidade e mataram-no a pedradas. 14Depois mandaram a notícia a Jezabel: “Nabot foi apedrejado e morto”. 15Ao saber que Nabot tinha sido apedrejado e estava morto, Jezabel disse a Acab: “Levanta-te e toma posse da vinha que Nabot de Jezrael não te quis ceder por seu preço em dinheiro, pois Nabot já não vive; está morto”. 16Quando Acab soube que Nabot estava morto, levantou-se para descer até a vinha de Nabot de Jezrael e dela tomar posse. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 5
Resposta: Atendei o meu gemido, ó Senhor!
1. Escutai, ó Senhor Deus, minhas palavras, / atendei o meu gemido! / Ficai atento ao clamor da minha prece, / ó meu rei e meu Senhor! – R.
2. Não sois um Deus a quem agrade a iniquidade, / não pode o mau morar convosco; / nem os ímpios poderão permanecer / perante os vossos olhos. – R.
3. Detestais o que pratica a iniquidade / e destruís o mentiroso. / Ó Senhor, abominais o sanguinário, / o perverso e enganador. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vossa Palavra é uma luz para os meus passos / e uma lâmpada luzente em meu caminho (Sl 118,105). – R.
Evangelho: Mateus 5,38-42
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 38“Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39Eu, porém, vos digo: não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Não resistir ao homem mau… (Mt 5,38-42)
Sim, é exatamente isto que se lê no texto grego do primeiro Evangelho. Não se fala de uma resistência ao “mal”, ou seja, ao mal enquanto substantivo abstrato, como seria a doença, a fome, a traição. Na frase mè antistênai tô ponerô, a última palavra é um adjetivo substantivado que se refere a uma eventual “pessoa”. E em pleno Sermão da Montanha, em claro paralelo com Moisés no Sinai, o legislador Jesus está ensinando a seus discípulos (cf. Mt 5,1b).
Então, o Mestre propõe a impunidade? A neutralidade diante dos erros e pecados humanos? O caos social, impedindo a sociedade de coibir eventuais criminosos? Não.
Não devemos entender este “sermão” como filosofia de vida ou questão acadêmica, nem mesmo como uma proposta de revisão do código de direito penal. Jesus de Nazaré nos fala de uma situação vital, com exigências bem práticas e pontuais. Ele poderia dizer com outras palavras: ‘toda vingança seja absolutamente eliminada do meio de vós, mesmo com prejuízo pessoal”.
Será que o próprio Jesus de Nazaré pôs em prática o princípio que ele acaba de expor? Vejamos. Com poucos dias de vida, foi perseguido pelo rei Herodes. Ele apenas fugiu, e não mandou uma legião de querubins com espadas de fogo para fritarem o tirano. Sua pregação enfrentou a mais cerrada oposição entre os fariseus, que semearam seu caminho de arapucas para levá-lo à condenação. Pois Jesus não mandou nenhum deles para o inferno, mas chegou a atrair a simpatia de alguns deles, como Nicodemos e Gamaliel.
Um dos Doze traiu o Mestre, trocando-o por 30 moedas de prata; Jesus não esboçou nenhum gesto de resistência, mesmo sabendo das intenções do infeliz. E na cruz, cuspido, surrado e cravado no poste, Jesus roga ao Pai: “Perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Nosso arcaico conceito de justiça está atrelado ao sentimento de vingança. Por isso mesmo tantas pessoas que se julgam cristãs aprovam a pena de morte – “Matou, tem de morrer!” “Bandido bom é bandido morto! – pondo novamente em vigor a Lei de Talião – olho por olho – que Jesus acaba de revogar.
A própria História – sábia mestra! – poderia nos ensinar: a reação ao malvado costuma assumir as atitudes do malvado. Que foi a revolução comunista na Rússia? Foi uma reação ao czar e a todo o sistema que ele representava: injustiças, escravidão, privilégios da nobreza etc. Qual foi o resultado da “reação ao homem mau”? Guerra, violência, escravidão, gulags, perseguição religiosa, educação para o ateísmo etc. Parece que Jesus já tinha dado o alerta…
Em tempo: Jesus se dirige aos “discípulos”, não fala aos redatores da Constituição federal. Jesus fala para aqueles que vão assumir a missão que ele lhes delegou e, por isso mesmo, “basta para o discípulo ser como o Mestre” (Mt 10,25). E “ser como o Mestre” é perdoar, sofrer como ovelha mansa e jamais optar pela vingança.
Orai sem cessar: “Senhor Jesus, ensina-me a amar!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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