Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2024

SÁBADO – SÃO JOÃO DA CRUZ – PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA
(branco, pref. do Advento I ou IA, dos pastores ou dos doutores – ofício da memória)
Antífona da entrada
Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo (Gl 6,14).
Primeira Leitura: Eclesiástico 48,1-4.9-11
Leitura do livro do Eclesiástico – Naqueles dias, 1o profeta Elias surgiu como um fogo, e sua palavra queimava como uma tocha. 2Fez vir a fome sobre eles e, no seu zelo, reduziu-os a pouca gente. 3Pela palavra do Senhor fechou o céu e de lá fez cair fogo por três vezes. 4Ó Elias, como te tornaste glorioso por teus prodígios! Quem poderia gloriar-se de ser semelhante a ti? 9Tu foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro de cavalos também de fogo; 10tu, nas ameaças para os tempos futuros, foste designado para acalmar a ira do Senhor antes do furor, para reconduzir o coração do pai ao filho e restabelecer as tribos de Jacó. 11Felizes os que te viram e os que adormeceram na tua amizade! – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 79(80)
Resposta:Convertei-nos, ó Senhor, / resplandecei a vossa face e nós seremos salvos!
1. Ó pastor de Israel, prestai ouvidos. / Vós que sobre os querubins vos assentais. / Despertai vosso poder, ó nosso Deus, / e vinde logo nos trazer a salvação! – R.
2. Voltai-vos para nós, Deus do universo! † Olhai dos altos céus e observai. / Visitai a vossa vinha e protegei-a! / Foi a vossa mão direita que a plantou; / protegei-a, e ao rebento que firmastes! – R.
3. Pousai a mão por sobre o vosso protegido, / o filho do homem que escolhestes para vós! / E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! / Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas! / Toda carne há de ver a salvação que vem de Deus! (Lc 3,4.6) – R.
Evangelho: Mateus 17,10-13
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11Jesus respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12Ora, eu vos digo, Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Elias já veio… (Mt 17,10-13)
A tradição judaica, mantida pelos escribas, entendia a profecia de Malaquias (cf. Ml 3,23) como um “regresso” do profeta Elias (que não morrera, mas fora arrebatado ao céu – cf. 2Rs 2,11) para anunciar a vinda do Messias prometido. O povo hebreu estava acostumado a receber mensageiros de Deus que falavam em seu nome, como os profetas da Primeira Aliança, aliás, habitualmente rejeitados e perseguidos.
Nesta passagem, ao afirmar que “Elias já veio”, Jesus se refere à missão de João Batista – autêntica dobradiça entre as duas lâminas da Escritura: os dois Testamentos. João seria o último dos profetas a preparar os caminhos do Senhor. E cumpriu sua tarefa até a própria morte.
Assim, Jesus chama a atenção para a aparente “inutilidade” da vinda de João Batista, já que ele “veio e não o reconheceram; pelo contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram” (Mt 17,12).
Aqui, estamos diante de uma constante na história dos homens: Deus envia seus profetas e estes são sistematicamente repelidos. Os falsos profetas sempre receberão acolhida e aplausos, pois costumam dizer exatamente o que a opinião pública deseja ouvir. Já os profetas, fiéis à mensagem recebida do Senhor, ao apontarem os crimes da sociedade e os abusos dos poderosos, acabam lançados ao fundo da cisterna (como Jeremias) ou jurados de morte (como Elias).
Na Primeira Aliança, os profetas eram chamados “nabi” (aquele que fala) ou “ro’eh” (aquele que vê). Triste missão a dos profetas: falar para quem não quer ouvir (“para que ouvindo, não ouçam…” Mt 13,13) e ver o que a sociedade se recusa a enxergar (“porventura também nós somos cegos? Jo 9,40).
De Elias a João Batista, manifesta-se com evidência a dupla missão do profeta: simultaneamente anunciar e denunciar. Desde Jesus Cristo, sua Igreja é portadora de idêntica missão, o que lhe vale a sistemática inimizade dos poderosos que pretendem escravizar o homem. Ao defender a vida e denunciar o aborto legal, a Igreja faz autêntica profecia. Ao defender a família e denunciar os excessos do ateísmo de Estado, a Igreja atualiza a missão dos profetas.
Todo leigo batizado é herdeiro da missão profética de Jesus. E seu silêncio diante dos crimes dos poderosos equivale a uma apostasia.
Orai sem cessar: “É por causa de Sião que eu não me calo!” (Is 62,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.