Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 11 DE JANEIRO DE 2025

SÁBADO – SEMANA DA EPIFANIA
(branco, pref. da Epifania, ou do Natal – ofício do dia)
Antífona da entrada
Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, para que todos recebêssemos a filiação adotiva (Gl 4,4s).
Primeira Leitura: 1 João 5,14-21
Leitura da primeira carta de São João – Caríssimos, 14esta é a confiança que temos em Deus: se lhe pedimos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve. 15E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que lhe pedimos, sabemos que possuímos o que havíamos pedido. 16Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não conduz à morte, que ele reze, e Deus lhe dará a vida; isso se, de fato, o pecado cometido não conduz à morte. Existe um pecado que conduz à morte, mas não é a respeito deste que eu digo que se deve rezar. 17Toda iniquidade é pecado, mas existe pecado que não conduz à morte. 18Sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca. Aquele que é gerado por Deus o guarda, e o maligno não o pode atingir. 19Nós sabemos que somos de Deus, ao passo que o mundo inteiro está sob o poder do maligno. 20Nós sabemos que veio o Filho de Deus e nos deu inteligência para conhecermos aquele que é o verdadeiro. E nós estamos com o verdadeiro, no seu Filho, Jesus Cristo. Este é o Deus verdadeiro e a vida eterna. 21Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 149
Resposta: O Senhor ama seu povo de verdade.
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo / e o seu louvor na assembleia dos fiéis! / Alegre-se Israel em quem o fez, / e Sião se rejubile no seu rei! – R.
2. Com danças glorifiquem o seu nome, / toquem harpa e tambor em sua honra! / Porque, de fato, o Senhor ama seu povo / e coroa com vitória os seus humildes. – R.
3. Exultem os fiéis por sua glória / e, cantando, se levantem de seus leitos / com louvores do Senhor em sua boca. / Eis a glória para todos os seus santos. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O povo sentado nas trevas / grande luz enxergou; / aos que viviam na sombra da morte, / resplandeceu-lhes a luz (Mt 4,16). – R.
Evangelho: João 3,22-30
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, 22Jesus foi com seus discípulos para a região da Judeia. Permaneceu aí com eles e batizava. 23Também João estava batizando, em Enon, perto de Salim, onde havia muita água. Aí chegavam as pessoas e eram batizadas. 24João ainda não tinha sido posto no cárcere. 25Alguns discípulos de João estavam discutindo com um judeu a respeito da purificação. 26Foram a João e disseram: “Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, e do qual tu deste testemunho, agora está batizando, e todos vão a ele”. 27João respondeu: “Ninguém pode receber alguma coisa se não lhe for dada do céu. 28Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas fui enviado na frente dele’. 29É o noivo que recebe a noiva, mas o amigo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria ao ouvir a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela é completa. 30É necessário que ele cresça e eu diminua”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Que ele cresça, e eu diminua… (Jo 3,22-30)
Admirável a postura de João Batista! Logo ele, o maior entre os nascidos de mulher (cf. Mt 11,11), cheio do Espírito Santo desde a vida pré-natal (cf. Lc 1,41.44), assume uma atitude de “apagamento” diante de Jesus, o Filho do Pai…
Esta frase do Precursor – “Importa que ele cresça, e eu diminua…” – é exatamente o dístico escolhido por Matthias Grünewald para sua estranha “Crucifixão”, o painel onde João Batista, em intencional anacronismo, é postado de pé, ao lado da cruz, livro aberto em punho, com o enorme indicador apontado para o Cordeiro, a Vítima de Deus, que tira o pecado do mundo.
Creio que se trata de uma lição de grande atualidade para todos nós. Nestes tempos em que pretensos evangelizadores ocupam o lugar central do palco, sob luzes e spots, reduzindo a pessoa de Jesus a mero pretexto para capturar recursos e faturar audiência, João nos ensina a ficar na sombra, abrir caminho para o Senhor, nivelar suas veredas e, a seguir, “perder a cabeça” e sair de cena.
A lição vale para nós, católicos, alertando párocos e agentes de pastoral para a necessidade de sair da frente de Jesus e deixar que o povo tenha livre acesso ao Salvador, sem ficar preso e dependente de mediações humanas. Evangelização e show estão em polos opostos, garante-nos o humilde Batizador.
O evangelizador autêntico está preparado para o fracasso, disposto à exclusão, pronto ao sacrifício, quando todas as potências do mundo se erguem para abafar sua voz e, cada vez com mais frequência, sufocar-lhe a vida. Se chegar a este ponto, terá a confirmação de que foi fiel à sua missão… Daí o risco da visão triunfalista: “somos mais que vencedores…”, que cairá por terra com as primeiras dificuldades. Nosso Salvador só é vitorioso depois da morte. O evangelizador que não passa pela morte pessoal ainda não cumpriu sua tarefa no mundo.
Na primeira metade do Séc. XX, dois missionários italianos, padres de Bétharram, tomaram um navio para o Oriente. Após longa e insegura viagem, chegaram à China. Seguiu-se uma penosa jornada por ferrovia. A seguir, em lombo de burro, um escarpado roteiro pelas montanhas em direção à Província do Yu-nan. Com o atraso da viagem, começou a estação das chuvas e os rios subiram. Mesmo assim, os dois missionários tentaram a atravessar a correnteza e morreram afogados. Foi assim que cumpriram sua missão: dando a vida por Cristo. Um deles era irmão de meu ex-professor Pe. André Antonini.
Orai sem cessar: “Não a nós, Senhor, mas ao teu Nome dá glória!” (Sl 115,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.