LITURGIA DO DIA 11 DE FEVEREIRO DE 2025
TERÇA-FEIRA DA 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemo-nos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor (Sl 94,6s).
Primeira Leitura: Gênesis 1,20-2,4
Leitura do livro do Gênesis – 20Deus disse: “Fervilhem as águas de seres animados de vida e voem pássaros sobre a terra, debaixo do firmamento do céu”. 21Deus criou os grandes monstros marinhos e todos os seres vivos que nadam, em multidão, nas águas, segundo as suas espécies, e todas as aves, segundo as suas espécies. E Deus viu que era bom. 22E Deus os abençoou, dizendo: “Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra”. 23Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia. 24Deus disse: “Produza a terra seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo as suas espécies”. E assim se fez. 25Deus fez os animais selvagens, segundo as suas espécies, os animais domésticos, segundo as suas espécies, e todos os répteis do solo, segundo as suas espécies. E Deus viu que era bom. 26Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e segundo a nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra”. 27E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou: homem e mulher os criou. 28E Deus os abençoou e lhes disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a terra”. 29E Deus disse: “Eis que vos entrego todas as plantas que dão semente sobre a terra e todas as árvores que produzem fruto com sua semente, para vos servirem de alimento. 30E a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a tudo o que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou todos os vegetais para alimento”. E assim se fez. 31E Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia. 2,1E assim foram concluídos o céu e a terra com todo o seu exército. 2No sétimo dia, Deus considerou acabada toda a obra que tinha feito; e, no sétimo dia, descansou de toda a obra que fizera. 3Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nesse dia descansou de toda a obra da criação. 4Esta é a história do céu e da terra, quando foram criados. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 8
Resposta: Ó Senhor nosso Deus, como é grande / vosso nome por todo o universo!
1. Contemplando estes céus que plasmastes / e formastes com dedos de artista; / vendo a lua e estrelas brilhantes, / perguntamos: “Senhor, que é o homem / para dele assim vos lembrardes / e o tratardes com tanto carinho?” – R.
2. Pouco abaixo de Deus o fizestes, / coroando-o de glória e esplendor; / vós lhe destes poder sobre tudo, / vossas obras aos pés lhe pusestes. – R.
3. As ovelhas, os bois, os rebanhos, / todo o gado e as feras da mata; / passarinhos e peixes dos mares, / todo ser que se move nas águas. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Inclinai meu coração às vossas advertências / e dai-me a vossa lei como um presente valioso! (Sl 118,36.29) – R.
Evangelho: Marcos 7,1-13
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 1os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. 3Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre. 5Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” 6Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. 8Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”.
9E dizia-lhes: “Vós sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus a fim de guardar as vossas tradições. 10Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honra teu pai e tua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’. 11Mas vós ensinais que é lícito alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vós poderíeis receber de mim é Corban, isto é, consagrado a Deus’. 12E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13Assim vós esvaziais a Palavra de Deus com a tradição que vós transmitis. E vós fazeis muitas outras coisas como estas”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Com mãos profanas… (Mc 7,1-13)
Enquanto o povo simples acolhia com sede a palavra de Jesus, os homens mais ligados ao “establishment” religioso viam Jesus apenas como uma ameaça permanente. Ao dizer “ouvistes dos antigos”, mas “eu vos digo” (cf. Mt 5), Jesus podia dar mesmo a impressão de quebrar a tradição. Ao predizer a destruição do Templo, ele assumiria ares de iconoclasta. Era como se o povo fosse estimulado a entrar em choque com o ensino “oficial” dos escribas e fariseus.
No Evangelho de hoje, o simples fato de seus discípulos comerem sem lavar as mãos é traduzido como um choque entre o sagrado e o profano. Vejamos o comentário da Bíblia de Navarra:
“O lavar-se as mãos não era por motivos de higiene ou de urbanidade, mas tinha um significado religioso de purificação. Em Ex 30,17ss, a Lei de Deus prescrevia a purificação dos sacerdotes antes de suas funções cultuais. A tradição judaica tinha-o ampliado a todos os israelitas para antes de todas as refeições, querendo dar a estas um significado religioso que se refletia nas bênçãos com que elas começavam. A purificação ritual era símbolo da pureza moral com que uma pessoa deve apresentar-se diante de Deus (Sl 24,3ss; 51,4-9)…”
Mas do rito à rotina, do culto ao exibicionismo, é um curto passo. Pior ainda: os fariseus cuidavam do exterior, mas o interior não correspondia à casca visível de suas atitudes. O próprio Jesus chegou a defini-los como “sepulcros caiados” (Mt 23,27): “por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”…
Evidentemente, a intenção de Jesus não era desvalorizar os sinais exteriores de nossa devoção, mas ele deixou muito claro que tais sinais só assumem algum valor diante de Deus quando o nosso coração corresponde intimamente aos gestos visíveis do lado de fora. Não sendo assim, nós vamos viver como quem usa máscaras de teatro, isto é, “hipócritas”. O gesto exterior calculado e fingido, sem pulsação íntima.
Por isso mesmo, devemos ficar atentos ao nosso modo de proceder, o que se consegue com a prática do exame de consciência e do cotejo com a palavra do Evangelho. O “eu” humano, com as sequelas da Queda original, está sempre sujeito à vaidade, visitado pelas tentações de exibicionismo e busca de aplausos.
Mesmo em nossas orações e celebrações comunitárias esse risco está presente. Pregar a palavra de Deus, rezar pelas pessoas que nos procuram, cantar e tocar na igreja – tudo isto deve ser realizado como serviço humilde. Até porque nossa vaidade acabaria anulando os frutos espirituais de nosso ministério…
Orai sem cessar: “Senhor, amais a sinceridade de coração.” (Sl 51,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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