LITURGIA DO DIA 08 DE JUNHO DE 2024
SÁBADO – IMACULADO CORAÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA
(branco, pref. de Maria [“e na memória”] – ofício da memória)
Antífona da entrada
Meu coração, por vosso auxílio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Sl 12,6)
Primeira Leitura: Isaías 61,9-11
Leitura do livro do profeta Isaías – 9A descendência do meu povo será conhecida entre as nações, e seus filhos se fixarão no meio dos povos; quem os vir há de reconhecê-los como descendentes abençoados por Deus. 10Exulto de alegria no Senhor e minha alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias. 11Assim como a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua glória diante de todas as nações. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 1Sm 2
Resposta: Meu coração se regozija no Senhor.
1. Exulta no Senhor meu coração / e se eleva a minha fronte no meu Deus; / minha boca desafia os meus rivais / porque me alegro com a vossa salvação. – R.
2. O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado, / mas os fracos se vestiram de vigor. / Os saciados se empregaram por um pão, / mas os pobres e os famintos se fartaram. / Muitas vezes deu à luz a que era estéril, / mas a mãe de muitos filhos definhou. – R.
3. É o Senhor quem dá a morte e dá a vida, / faz descer à sepultura e faz voltar; / é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico, / é o Senhor quem nos humilha e nos exalta. – R.
4. O Senhor ergue do pó o homem fraco, / do lixo ele retira o indigente, / para fazê-los assentar-se com os nobres / num lugar de muita honra e distinção. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendita é a Virgem Maria, / que guardava a Palavra de Deus, meditando-a no seu coração (Lc 2,19). – R.
Evangelho: Lucas 2,41-51
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – 41Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém sem que seus pais o notassem. 44Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46Três dias depois, o encontraram no templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. 49Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” 50Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. 51Jesus desceu então com seus pais para Nazaré e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Aflitos, à tua procura… (Lc 2,41-51)
Esta aflição, só pode imaginá-la quem já teve um filho desaparecido, uma filha sequestrada. Quem passou uma noite de angústia à procura de uma jovem que não chegava… E naquele caso, era o Filho de Deus!
Nas grandes festas, Jerusalém chegava a abrigar 150 mil peregrinos. Alguns estudiosos costumam elevar este número. Um formigueiro humano, em área bem reduzida, onde uma criança facilmente se perderia.
De Nazaré a Jerusalém, por 120 a 140km de estrada montanha acima, a comitiva tinha os homens à sua frente; atrás, as mulheres e as crianças. Jesus chegara à idade de celebrar sua cerimônia de maioridade, o Bar Mitsvah (em hebraico, o “filho do preceito”), quando o adolescente, aos doze ou treze anos, passava a ser responsável por seus próprios atos e assumia o direito de proclamar a Palavra na sinagoga judaica.
Após a semana da Páscoa, regressando a Nazaré, Jesus não estava com as mulheres, e Maria deve ter julgado que, agora “adulto”, estaria com os homens adiante. Não estava. José, por sua vez, deve ter avaliado que, mesmo após o seu Bar Mitshvah, o “garoto” estaria com os coleguinhas lá entre as mulheres. Não estava…
Após um dia de caminho, quando os casais se reuniram para a sopa, deram pela falta do Menino. Ah! A angústia de refazer o caminho e buscar em vão pelo filho perdido, junto a parentes e conhecidos, durante três dias, para, enfim, encontrá-lo no Templo, entre os doutores da Lei, que se espantavam da incomum sabedoria de Jesus!
E a queixa materna: “Meu filho, que nos fizeste?! Teu pai e eu, ansiosos, à tua procura…” E a resposta inesperada: “Não sabiam que eu devo cuidar da Casa de meu Pai?” Afinal, quantos pais tinha esse Menino? Dois, parece. Um pai (com minúscula) legal, nutrício, putativo: José. E um Pai (com maiúscula) divino, eterno, genitor. E este Pai tem a precedência. Dele provém e para Ele voltará, tão logo tenha cumprido a sua missão terrena.
Também nossos filhos não nos pertencem. Pertencem a Deus. Pertencem à missão que Deus traçou para eles. Teremos, talvez, noites de angústia quando se perderem por seus caminhos. Mas não podemos retê-los, quando chegar sua hora de partir, palmilhar sua própria estrada, carregar sua cruz…
Na memória litúrgica do Imaculado Coração de Maria, não creio exagerar que Maria, mãe da Igreja, também se angustie ao ver-nos como filhos que se extraviam pelos atalhos do mundo. E certamente sairá à nossa procura para nos encaminhar de novo ao lar.
Nós também somos filhos. Deus está todo o tempo à nossa procura. Quando permitiremos que ele nos encontre?
Orai sem cessar: “Senhor, como são amáveis as vossas moradas!” (Sl 84,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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