Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 08 DE FEVEREIRO DE 2025

SÁBADO DA 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Salvai-nos, Senhor nosso Deus, e do meio das nações nos congregai, para ao vosso nome agradecer e para termos nossa glória em vos louvar! (Sl 105,47)
Primeira Leitura: Hebreus 13,15-17.20-21
Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 15por meio de Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. 16Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois esses são os sacrifícios que agradam a Deus. 17Obedecei aos vossos líderes e segui suas orientações, porque eles cuidam de vós como quem há de prestar contas. Que possam fazê-lo com alegria e não com queixas, que não seriam coisa boa para vós. 20O Deus da paz, que fez subir dentre os mortos aquele que se tornou, pelo sangue de uma aliança eterna, o grande pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus, 21vos torne aptos a todo bem, para fazerdes a sua vontade; que ele realize em nós o que lhe é agradável, por Jesus Cristo, ao qual seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém! – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 22(23)
Resposta: O Senhor é o pastor que me conduz, / não me falta coisa alguma.
1. O Senhor é o pastor que me conduz; / não me falta coisa alguma. / Pelos prados e campinas verdejantes / ele me leva a descansar. / Para as águas repousantes me encaminha / e restaura as minhas forças. – R.
2. Ele me guia no caminho mais seguro, / pela honra do seu nome. / Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, / nenhum mal eu temerei. / Estais comigo com bastão e com cajado, / eles me dão a segurança! – R.
3. Preparais à minha frente uma mesa, / bem à vista do inimigo; / com óleo vós ungis minha cabeça, / e o meu cálice transborda. – R.
4. Felicidade e todo bem hão de seguir-me / por toda a minha vida; / e na casa do Senhor habitarei / pelos tempos infinitos. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, / eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27). – R.
Evangelho: Marcos 6,30-34
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo, que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé e chegaram lá antes deles. 34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Vinde a um lugar deserto! (Mc 6,30-34)
Pouco sabemos sobre o deserto. Em geral, pensamos nele como um inóspito areal, onde o vento e as tempestades de areia se alternam com o dia tórrido e as noites gélidas. Na verdade, tememos o deserto. Quando não há ninguém à vista, somos constrangidos a olhar para nosso interior…
Quando Charles de Foucauld abandonou as luzes de Paris e mergulhou na solidão de Tamanrasset, no deserto de Marrocos, ela sabia muito bem a quem procurava. Ou melhor: Quem procurava por Charles… O deserto era o lugar do encontro definitivo com Deus. Ali, na áspera ermida de pedras, que ele ergueu com as próprias mãos, Jesus Cristo seria o absoluto, sem competidores. Joelhos dobrados diante da Hóstia consagrada, Charles se limitaria a amar e ser amado…
No Evangelho de hoje, o “deserto” significava para o discípulo uma rara oportunidade de descanso, longe da multidão. Mas seria também o desejado tempo de intimidade com o Mestre, quando ele ensinava os mistérios do Pai em linguagem “traduzida” (cf. Mt 13,36), acessível, sem figuras. E o discípulo precisa do deserto. Não pode viver todo o tempo tragado pela multidão. Não pode ser arrastado pela enxurrada a que chamam de “civilização urbana”. Afinal, como dizer ao povo a Palavra de Deus, se não temos tempo para escutar o que Deus nos quer falar?
Na prática – confessemos com toda a sinceridade -, não é só para Deus que não temos tempo. A mãe já não tem tempo para os filhos. O esposo não tem tempo para a esposa. Nem mesmo o chefe quer ser incomodado pelos subordinados. Estamos tão atarefados em realizar nossos projetos (e os inadiáveis projetos das empresas, aqui incluída a própria instituição eclesial!), que mais parecemos um barquinho de papel arrastado pela correnteza da sociedade…
Falamos tanto em liberdade e em direitos humanos, mas procedemos como escravos que se deixam seduzir e arrastar pelos projetos daqueles que regem o mercado e a economia, indiferentes à sede do coração humano.
Ouviremos um dia a voz de Deus que nos chama ao deserto? Ouviremos o convite de amor que anseia por nossa intimidade? Seríamos capazes de desligar a TV, cancelar compromissos, rasgar a agenda?
Ou continuaremos nosso caminho sufocados pelo caos tecido de ruído e buzinas, rock e sirenes, respirando ao ritmo de nossos celulares? Seremos sempre dentes da engrenagem impiedosa que ocupa o coração humano, fechando-o aos apelos do amor que morre de fome ali na esquina?
No silêncio do deserto, Deus espera por nós…
Orai sem cessar: “Vou abrir um caminho em pleno deserto!” (Is 43,19b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.