LITURGIA DO DIA 08 DE DEZEMBRO DE 2024
DOMINGO – IMACULADA CONCEIÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA
(branco, glória, creio, prefácio próprio – ofício da solenidade)
Antífona da entrada
Exulto de alegria no Senhor e minha alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como uma noiva com suas joias (Is 61,10).
Primeira Leitura: Gênesis 3,9-15.20
Leitura do livro do Gênesis – 9O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” 10E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi”. 11Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore de cujo fruto te proibi comer?” 12Adão disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. 13Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste isso?” E a mulher respondeu: “A serpente enganou-me, e eu comi”. 14Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida! 15Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. 20E Adão chamou à sua mulher Eva, porque ela é a mãe de todos os viventes. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 97(98)
Resposta: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios!
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória. – R.
2. O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa de Israel. – R.
3. Os confins do universo contemplaram / a salvação do nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai! – R.
Segunda Leitura: Efésios 1,3-6.11-12
Leitura da carta de São Paulo aos Efésios – 3Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. 4Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. 5Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, 6para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. 11Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados 12a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo. – Palavra do Senhor.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Maria, alegra-te, ó cheia de graça, / o Senhor é contigo! (Lc 1,28) – R.
Evangelho: Lucas 1,26-38
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 26no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Onde estás? (Gn 3,9-15.20)
Na alvorada da história humana – ainda no terceiro capítulo da Sagrada Escritura! – já podemos encontrar o Deus Criador à procura do homem. Enfurnado em um recanto do Jardim, vestido de culpa e de nudez, o homem parece evitar o encontro de todos os dias. E ressoa pelo Éden o chamado divino: “Onde estás?”
Segue-se o diálogo entre o Criador e o primeiro casal. Neste episódio, a mulher aparece como colaboradora da ruptura com Deus, motivada pela ilusão de serem “como Deus” (cf. Gn 3,5). É sugestivo que a liturgia da Igreja escolha exatamente esta passagem ao celebrar a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Trata-se de estabelecer um paralelo – ou melhor, um contraste – entre duas mulheres: Eva e Maria. Aquela que foi o vetor da morte e aquela que foi a matriz da Vida.
No diálogo com Eva, o Criador procura orientar o olhar dela para um tempo futuro, quando um Descendente da mulher (cf. Gn 3,15) seria vencedor do mal que se espalhara pela Criação a partir da desobediência original. Assim, se uma mulher participara da Queda, outra Mulher participaria do reerguimento da humanidade. Após a degeneração da raça, um tempo de regeneração.
Os Padres da Igreja, desse os primeiros séculos do cristianismo, acentuaram o contraste entre as duas mulheres. Eva foi extraída do lado do primeiro Adão; do ventre de Maria nasceu o novo Adão, o Salvador Jesus. E não deixa de ser admirável que esta celebração recorde também a promoção da Mulher a alturas inimagináveis, pois o próprio Deus a escolhera como colaboradora da Encarnação do Verbo.
Ao comentarem esta passagem do Gênesis, conhecida como um “proto-evangelho”, os Padres da Igreja viram Maria como a “segunda Eva”, unida de modo esponsal ao segundo Adão, e mãe de todos os que foram arrancados das sombras da morte e voltaram a ser “viventes” com a vida que brota do Ressuscitado.
De fato, a saudação angélica na cena da Anunciação, quando Gabriel nomeia Maria de Nazaré como “cheia de graça”, isto é, sem nenhum espaço para o mal, afirma de modo positivo a concepção imaculada da futura Mãe de Deus. A forma verbal grega utilizada por São Lucas no Evangelho da Anunciação [kecharitoméne] bem merece a tradução: “Tu que foste e permaneces repleta do favor divino” (BJ, nota ‘t’).
E os poetas da Liturgia das Horas se divertem com o trocadilho EVA / AVE, onde a Igreja reconhece as glórias de Maria “mutans Hevae nomen”…
Orai sem cessar: “É a voz do meu Amado!” (Ct 2,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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