Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 07 DE JUNHO DE 2024

SEXTA-FEIRA – SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
(branco, glória, creio, pref. próprio – ofício da solenidade)
Antífona da entrada
Os desígnios do Coração do Senhor perduram de geração em geração, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria (Sl 32,11.19).
Primeira Leitura: Oseias 11,1.3-4.8-9
Leitura da profecia de Oseias – Assim diz o Senhor: 1“Quando Israel era criança, eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho. 3Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que eu cuidava deles. 4Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo e rebaixava-me a dar-lhes de comer. 8Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão. 9Não darei largas à minha ira, não voltarei a destruir Efraim, eu sou Deus e não homem; o santo no meio de vós, e não me servirei do terror”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: Is 12
Resposta: Com alegria bebereis do manancial da salvação.
1. Eis o Deus, meu salvador, eu confio e nada temo; / o Senhor é minha força, meu louvor e salvação. – R.
2. Com alegria bebereis no manancial da salvação. / E direis naquele dia: “Dai louvores ao Senhor, / invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas, / entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime. – R.
3. Louvai, cantando, ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos, / publicai em toda a terra suas grandes maravilhas! / Exultai, cantando alegres, habitantes de Sião, / porque é grande em vosso meio o Deus santo de Israel!” – R.
Segunda Leitura: Efésios 3,8-12.14-19
Leitura da carta de São Paulo aos Efésios – Irmãos, 8eu, que sou o último de todos os santos, recebi esta graça de anunciar aos pagãos a insondável riqueza de Cristo 9e de mostrar a todos como Deus realiza o mistério desde sempre escondido nele, o criador do universo. 10Assim, doravante, as autoridades e poderes nos céus conhecem, graças à Igreja, a multiforme sabedoria de Deus, 11de acordo com o desígnio eterno que ele executou em Jesus Cristo, nosso Senhor. 12Em Cristo nós temos, pela fé nele, a liberdade de nos aproximarmos de Deus com toda a confiança. 14É por isso que dobro os joelhos diante do Pai, 15de quem toda e qualquer família recebe seu nome, no céu e sobre a terra. 16Que ele vos conceda, segundo a riqueza da sua glória, serdes robustecidos, por seu Espírito, quanto ao homem interior; 17que ele faça habitar, pela fé, Cristo em vossos corações e que estejais enraizados e fundados no amor. 18Tereis assim a capacidade de compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, 19e de conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento, a fim de que sejais cumulados até receber toda a plenitude de Deus. – Palavra do Senhor.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tomai sobre vós o meu jugo e de mim aprendei, / que sou de manso e humilde coração (Mt 11,29). – R.
Evangelho: João 19,31-37
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – 31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35Aquele que viu dá testemunho, e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Abriu-lhe o lado… (Jo 19,31-37)
O súbito golpe de lança do centurião romano rasga o peito de Jesus, já morto na cruz do Calvário. O agudo ferro da lança passa entre as costelas, transpassa a pleura e o pulmão, fere o coração. Imediatamente, o resto de sangue e de linfa ali depositados escorre visivelmente: sangue e água.
A tradição da Igreja, registrada em textos e hinos litúrgicos, viu nas duas substâncias os sinais sacramentais da Eucaristia e do Batismo, entendidos como um dom pascal que Jesus Cristo confiava à Igreja.
Não é por acaso que a Liturgia escolhe este Evangelho para a festa do Sagrado Coração de Jesus. Ao celebrar o coração do Crucificado, nós recordamos ao mundo o mistério da Encarnação do Verbo, que assumiu plenamente nossa natureza: um corpo com músculos, ossos e órgãos, capaz de sofrer e sangrar, mas também a sensibilidade, os sentimentos, as angústias próprias dos humanos.
A preciosa devoção ao Sagrado Coração deve servir para nós como uma espécie de vacina contra um tipo de cristianismo aéreo, abstrato, angelical, predisposto a ignorar o realismo da natureza humana, tão incômoda aos gnósticos quanto as chagas do Ressuscitado… É também uma imagem palpável a recordar-nos permanentemente a face histórica da Encarnação do Verbo.
Em sua Encíclica “Haurietis Aquas” [15/05/1956], sob o culto do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Pio XII escreveu:
“Nada proíbe que adoremos o coração sacratíssimo de Jesus Cristo, enquanto é participante, símbolo natural e sumamente expressivo daquele amor inexaurível em que ainda hoje o divino Redentor arde para com os homens. Mesmo quando já não está submetido às perturbações desta vida mortal, ainda então ele vive, palpita, e está unido de modo indissolúvel com a Pessoa do Verbo divino, e, nela e por ela, com a sua divina vontade.”
Para Pio XII, o coração do Salvador “reflete a imagem da divina pessoa do Verbo divino”. Não apenas um símbolo, mas “como que um compêndio de todo o mistério da nossa redenção”.
Não é preciso ser teólogo para compreender este profundo mistério. O povo simples se alegra e se comove diante desta evidência: nosso Deus se fez humano como nós. Nosso Deus tem um coração. Seu amor por nós não é algo aéreo, abstrato, mas é um amor encarnado, uma torrente que corre de seu lado aberto.
Não admira que este tema – o coração de Jesus – tenha comovido tantos místicos e inspirado tantos artistas. Deus tem um coração…
Orai sem cessar: “Naquele dia jorrará uma fonte para a casa de Deus.” (Zc 13,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.