Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 07 DE FEVEREIRO DE 2025

SEXTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Salvai-nos, Senhor nosso Deus, e do meio das nações nos congregai, para ao vosso nome agradecer e para termos nossa glória em vos louvar! (Sl 105,47)
Primeira Leitura: Hebreus 13,1-8
Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 1perseverai no amor fraterno. 2Não esqueçais a hospitalidade, pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos sem o perceber. 3Lembrai-vos dos prisioneiros, como se estivésseis presos com eles, e dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo! 4O matrimônio seja honrado por todos e o leito conjugal, sem mancha, porque Deus julgará os imorais e adúlteros. 5Que o amor ao dinheiro não inspire a vossa conduta. Contentai-vos com o que tendes, porque ele próprio disse: “Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei”. 6De modo que podemos dizer, com ousadia: “O Senhor é meu auxílio, jamais temerei; que poderá fazer-me o homem?” 7Lembrai-vos de vossos dirigentes, que vos pregaram a Palavra de Deus, e, considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé. 8Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 26(27)
Resposta: O Senhor é minha luz e salvação!
1. O Senhor é minha luz e salvação; / de quem eu terei medo? / O Senhor é a proteção da minha vida; / perante quem eu tremerei? – R.
2. Se contra mim um exército se armar, / não temerá meu coração; / se contra mim uma batalha estourar, / mesmo assim confiarei. – R.
3. Pois um abrigo me dará sob o seu teto / nos dias da desgraça; / no interior de sua tenda há de esconder-me / e proteger-me sobre a rocha. – R.
4. Senhor, é vossa face que eu procuro; / não me escondais a vossa face! / Não afasteis em vossa ira o vosso servo, † sois vós o meu auxílio! / Não me esqueçais nem me deixeis abandonado. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que observam a Palavra do Senhor de reto coração / e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15) – R.
Evangelho: Marcos 6,14-29
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 14 o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”. Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”. 16Ouvindo isso, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado prender João e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. 23E lhe jurou, dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
A cabeça de João Batista… (Mc 6,14-29)
Sim, é uma cena crua e chocante. Mas devia ser… natural! Se lemos o Evangelho, ouvimos a advertência muito clara do Mestre aos discípulos: “Sereis odiados por todos por causa do meu nome” (Mt 10,22). “Sereis presos e perseguidos” (Lc 21,12). “Se me perseguiram, perseguirão a vós também!” (Jo 15,20b).
Ora, João Batista é um discípulo por antecipação: ele é o pré-cursor, aquele que “corre na frente”. Últimos dos profetas, e maior que todos eles, seu martírio apenas confirma a sua missão e sua identificação com o Cordeiro que ela havia apontado às margens do Jordão (cf. Jo 1,36).
Beda, o Venerável [673-735 a.C.], escreve sobre o Batizador: “Assim este homem tão grande chega ao fim de sua vida pela efusão de seu sangue. após um longo e penoso cativeiro. Ele, que anunciara a Boa Nova da liberdade e uma paz superior, é lançado à prisão por gente ímpia. É trancado na obscuridade de um calabouço aquele que tinha vindo para dar testemunho da luz, e merecera ser chamado de tocha ardente de luz pela própria Luz, que é o Cristo! (Jo 5,35)”
Como pano de fundo, a evidência de que o martírio é o “estágio” final de uma vida cristã realizada plenamente. Um cristianismo à espera de louvores, títulos, cargos, aplausos e sucesso não passa de um mal-entendido. O distintivo do cristão é a cruz; qualquer outro seria uma fraude.
Prossegue a reflexão de Beda: “Por seu próprio sangue é batizado aquele a quem foi dado batizar o Redentor do mundo, ouvir a voz do Pai se dirigir ao Cristo e ver descer sobre ele a graça do Espírito Santo. Mas isso não lhe parecia penoso; ao contrário, parecia-lhe leve e desejável aguentar pela verdade os tormentos temporários que deixavam entrever eternas alegrias. Ao preferir a morte, que, de todo modo, era naturalmente inevitável, João escolhia aceitá-la confessando o nome de Cristo. Assim ele recebia a palma da vida eterna”.
Em tempos difíceis para todos, quando o sofrimento se torna o pão de cada dia, o cristão leva a vantagem de encontrar na cruz um ponto de contato com o Crucificado, transfigurando a própria dor e buscando aliviar a dor do próximo. Longe de se desesperar ou de buscar compensações de qualquer tipo – prazeres, diversões ou anestesias -, o discípulo fiel abraça a cruz na certeza de assim se identificar com o Mestre.
Já sabia disso o próprio Apóstolo: “A vós foi concedida a graça, não só de crer em Cristo, mas também de sofrer por ele”. (Fl 1,29) E a certeza de um desfecho feliz: “Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deve revelar-se em nós” (Rm 8,18).
Orai sem cessar: “Para mim, o viver é Cristo!” (Fl 1,21)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.