Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 05 DE OUTUBRO DE 2024

26ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia da 2ª semana do saltério)
Antífona da entrada
Tudo quanto nos fizestes, Senhor, com verdadeira justiça o fizestes, porque pecamos contra vós e não obedecemos a vossos mandamentos; mas dai glória ao vosso nome e tratai-nos conforme a grandeza da vossa misericórdia (Dn 3.31.29s.43.42).
Primeira Leitura: Jó 42,1-3.5-6.12-16
Leitura do livro de Jó – 1Jó respondeu ao Senhor, dizendo: 2“Reconheço que podes tudo e que para ti nenhum pensamento é oculto. 3Quem é esse que ofusca a Providência, sem nada entender? Falei, pois, de coisas que não entendia, de maravilhas que ultrapassam a minha compreensão. 5Conhecia o Senhor apenas por ouvir falar, mas, agora, eu o vejo com meus olhos. 6Por isso me retrato e faço penitência no pó e na cinza”. 12O Senhor abençoou a Jó no fim de sua vida mais do que no princípio; ele possuía agora catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 13Teve outros sete filhos e três filhas: 14a primeira chamava-se Rola, a segunda Cássia e a terceira Azeviche. 15Não havia, em toda a terra, mulheres mais belas que as filhas de Jó. Seu pai lhes destinou uma parte da herança entre os seus irmãos. 16Depois desses acontecimentos, Jó viveu cento e quarenta anos e viu seus filhos e os filhos de seus filhos até a quarta geração. E Jó morreu velho e repleto de anos. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 118(119)
Resposta: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo / e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
1. Dai-me bom senso, retidão, sabedoria, / pois tenho fé nos vossos santos mandamentos! – R.
2. Para mim foi muito bom ser humilhado, / porque assim eu aprendi vossa vontade! – R.
3. Sei que os vossos julgamentos são corretos, / e com justiça me provastes, ó Senhor! – R.
4. Porque mandastes, tudo existe até agora; / todas as coisas, ó Senhor, vos obedecem! – R.
5. Sou vosso servo: concedei-me inteligência, / para que eu possa compreender vossa aliança! – R.
6. Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, / ela dá sabedoria aos pequeninos. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, / Senhor do céu e da terra, / pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, / escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25) – R.
Evangelho: Lucas 10,17-24
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 17os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”. 18Jesus respondeu: “Eu vi satanás cair do céu como um relâmpago. 19Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. 21Naquele momento, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. 23Jesus voltou-se para os discípulos e disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes! 24Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Até os demônios nos obedecem! (Lc 10,17-24)
Uma leitura rápida e superficial dos evangelhos é suficiente para perceber que a história humana é o cenário de uma luta entre o bem e o mal. O planeta é um campo de batalha: saúde X doença, paz x guerra, verdade x mentira, luz x trevas, vida x morte… E os mesmos evangelhos deixar ver que o mal não é uma abstração, tampouco uma deficiência do bem. Na única oração que Jesus nos ensinou, concluímos com a petição: livrai-nos do mal! O texto grego de Mateus, com a palavra que traduzimos por “mal” [του πονεηρου], designa um “mal pessoal”, um “homem mau”.
Pois as trinta e seis duplas de discípulos (eles foram dois a dois!) voltam do primeiro estágio missionário com os olhos arregalados, espantados com o poder que estivera à sua disposição: “Até os demônios nos obedecem!” O mal não era invencível. A luz expulsava as trevas… E Jesus confirma: “Eu vi satanás cair do céu como um relâmpago!”
Helmut Gollwitzer comenta: “Os discípulos voltam cheios de uma triunfante alegria, depois dos prodígios inauditos realizados em nome de Jesus. Abriu-se diante deles um caminho de vitórias onde se revelam tanto a fraqueza do inimigo quanto o poder de Deus. Eles chegaram ao ponto da viragem do destino do mundo. Os demônios, até então patrões tirânicos do universo, são agora submetidos, incapazes de fazer frente a esse “não” – isto é, ao Cristo que age por intermédio de seus discípulos”.
Mas Jesus precisou fazer um alerta aos alunos alegres. O verdadeiro motivo de alegria não devia estar em alguma manifestação de poder – aliás, não era deles o poder, era do Mestre. A real motivação da alegria não estava nos milagres, onde se corre o perigo de confundir o sinal com a realidade: “Ficai alegres porque os vossos nomes estão escritos nos céus”.
Isto faz pensar! Será que vivemos inundados de alegria simplesmente pelo fato de o Senhor nos chamar para agir em seu nome? Para anunciar a Boa Nova? Para ser membro de seu Corpo? Ramos na videira?
Se tivéssemos recebido dons espetaculares – cura… milagres… profecias… – estaríamos mais alegres do que já estamos? Ou já é suficiente para nossa profunda alegria o privilégio da adoção batismal? Já nos contentamos com ser filhos de Deus? Ou precisa mais?
Orai sem cessar: “Não fostes vós que me escolhestes; eu vos escolhi.” (Jo 15,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.