LITURGIA DO DIA 06 DE MARÇO DE 2025
QUINTA-FEIRA DEPOIS DAS CINZAS
(roxo – ofício do dia)
Antífona da entrada
Quando clamei pelo Senhor, ele escutou minha voz diante daqueles que me atacam. Confia ao Senhor os teus cuidados e ele mesmo te sustentará (Sl 54,17-20.23).
Primeira Leitura: Deuteronômio 30,15-20
Leitura do livro do Deuteronômio – Moisés falou ao povo, dizendo: 15“Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. 16Se obedeceres aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que vais entrar para possuí-la. 17Se, porém, o teu coração se desviar e não quiseres escutar, e se, deixando-te levar pelo erro, adorares deuses estranhos e os servires, 18eu vos anuncio hoje que certamente perecereis. Não vivereis muito tempo na terra onde ides entrar, depois de atravessar o Jordão, para ocupá-la. 19Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós de que vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, 20amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele – pois ele é a tua vida e prolonga os teus dias, a fim de que habites na terra que o Senhor jurou dar a teus pais, Abraão, Isaac e Jacó”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 1
Resposta: É feliz quem a Deus se confia!
1. Feliz é todo aquele que não anda / conforme os conselhos dos perversos; / que não entra no caminho dos malvados / nem junto aos zombadores vai sentar-se, / mas encontra seu prazer na lei de Deus / e a medita, dia e noite, sem cessar. – R.
2. Eis que ele é semelhante a uma árvore / que à beira da torrente está plantada; / ela sempre dá seus frutos a seu tempo, † e jamais as suas folhas vão murchar. / Eis que tudo o que ele faz vai prosperar. – R.
3. Mas bem outra é a sorte dos perversos. † Ao contrário, são iguais à palha seca / espalhada e dispersada pelo vento. / Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, / mas a estrada dos malvados leva à morte. – R.
Aclamação ao Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus, / primogênito dentre os mortos!
Convertei-vos, nos diz o Senhor, / está próximo o Reino de Deus! (Mt 4,17) – R.
Evangelho: Lucas 9,22-25
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro se se perde e se destrói a si mesmo?” – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Tome a sua cruz… (Lc 9,22-25)
Este Evangelho não é para todos. Não é para a multidão amorfa. Não é para o público agitado dos “shows” de evangelização. Sua frase nuclear começa por uma condicional: “Se alguém me quer seguir…” Logo, trata-se de um convite para o futuro discípulo. Só para discípulos…
O miolo do convite é este: “Tome cada dia a sua cruz e siga-me!” E é seguido de violento paradoxo: todo aquele que pretende salvar a vida, perde a vida. Ao contrário, quem aceita perdê-la, acaba por salvá-la. E o inevitável divisor de águas entre a perdição e a salvação é… a cruz!
Logo a cruz?! Não havia algo mais simpático? Logo esse antigo instrumento de tortura que os romanos tomaram de empréstimo aos persas para levar à morte escravos fugidos e revoltosos? Suplício tão brutal que não podia ser infligido a um cidadão romano, como Paulo apóstolo?
Tomar a cruz… Abraçar a cruz… E logo se erguem vozes de rebate a nos acusar de masoquismo, pois não conseguem perceber a relação necessária entre o sofrimento aceito livremente e o amor que explode no coração. Quem ama sofre. É no dia do sofrimento que o amor alegado pode ser comprovado.
Meditando nisso, escrevi o soneto “Declaração de Amor”:
Eu quero te amar, bendito lenho,
De onde o Sangue escorre como um fio:
Se mergulho minha alma nesse rio,
Eu tenho a salvação, a vida eu tenho!
Se ao Gólgota rochoso, humilde, venho,
É porque tenho o coração vazio
E nada achei que me aquecesse o frio:
Nem ouro, nem a força, nem o engenho…
Aqui estou, ó Cruz, com meus cansaços,
Pra me entregar e abrir de vez os braços,
Unindo para sempre os meus aos teus…
Quando a morte passar, levando tudo,
Hão de encontrar aqui meu corpo mudo,
Mas a minha alma voará pra Deus!
Orai sem cessar: “Nisto temos conhecido o amor: Jesus deu sua vida por nós.” (1Jo 3,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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