Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 04 DE FEVEREIRO DE 2025

TERÇA-FEIRA DA 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
Salvai-nos, Senhor nosso Deus, e do meio das nações nos congregai, para ao vosso nome agradecer e para termos nossa glória em vos louvar! (Sl 105,47)
Primeira Leitura: Hebreus 12,1-4
Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 1rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, 2com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus. 3Pensai, pois, naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo. 4Vós ainda não resististes até o sangue na vossa luta contra o pecado. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 21(22)
Resposta: Todos aqueles que vos buscam / hão de louvar-vos, ó Senhor.
1. Sois meu louvor em meio à grande assembleia; / cumpro meus votos ante aqueles que vos temem! / Vossos pobres vão comer e saciar-se, † e os que procuram o Senhor o louvarão; / “Seus corações tenham a vida para sempre!” – R.
2. Lembrem-se disso os confins de toda a terra, / para que voltem ao Senhor e se convertam, / e se prostrem, adorando, diante dele / todos os povos e as famílias das nações. / Somente a ele adorarão os poderosos, / e os que voltam para o pó o louvarão. – R.
3. Para ele há de viver a minha alma, / toda a minha descendência há de servi-lo; / às futuras gerações anunciará / o poder e a justiça do Senhor; / ao povo novo que há de vir, ela dirá: / “Eis a obra que o Senhor realizou!” – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Cristo tomou sobre si nossas dores, / carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17). – R.
Evangelho: Marcos 5,21-43
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 21Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés 23e pediu com insistência: “Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!” 24Jesus então o acompanhou. Uma numerosa multidão o seguia e o comprimia. 25Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com uma hemorragia; 26tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. 27Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. 28Ela pensava: “Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada”. 29A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. 30Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: “Quem tocou na minha roupa?” 31Os discípulos disseram: “Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: ‘Quem me tocou?’” 32Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. 33A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caiu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade. 34Ele lhe disse: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”. 35Ele estava ainda falando quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga e disseram a Jairo: “Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?” 36Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenhas medo. Basta ter fé!” 37E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. 38Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. 39Então, ele entrou e disse: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo”. 40Começaram então a caçoar dele. Mas ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. 41Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” – que quer dizer: “Menina, levanta-te!” 42Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. 43Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Quem me tocou? (Mc 5,21-43)
Cercado pela ruidosa multidão que o acompanha, mesmo imprensado pelas pessoas, Jesus de Nazaré percebe que uma “força” (dýnamin, no texto grego) acabara de sair de seu corpo. É que ele fora tocado por uma mulher enferma, que padecia de hemorragias constantes há 12 anos. Movida pela fé, ela se insinua no meio do povo e toca o manto do Mestre. Foi o suficiente para sua cura.
– “Quem me tocou?” – pergunta Jesus. Sua intenção é identificar a dona desse ato de fé. E lhe dirá, no final: – “Filha, tua fé te salvou!” Santo Efrém de Nisíbia, ao comentar este Evangelho, deixa claro que foi a fé quem tocou Jesus: “muitos o tinham tocado naquele momento, mas apenas como quem tocava um homem, enquanto uma única o havia tocado como quem toca um Deus”.
Isto me leva a pensar no sacramento da Eucaristia. Ao comungar, a quem tocamos nós? Só um pão bento? Apenas um símbolo, como na Ceia de outras denominações cristãs? Ou ainda cremos que o alimento eucarístico é mesmo Jesus Cristo, em seu corpo, sangue, alma e divindade?
E se é assim que cremos, como explicar tantas comunhões mecânicas, sem alma, gestos burocráticos sem esse “dinamismo” que saiu de Jesus? Como explicar que o doente comungue e não seja curado? Como entender que não brotem lágrimas de nossos olhos? S. Efrém iria responder: – É questão de fé!
Em seu livro “Toucher Dieu” (Pneumathèque, 1991), Francis Martin anota várias formas de “tocar a Deus”. Para ele, podemos fazê-lo na Sagrada Escritura, na oração, na solidão, na cura interior, no próprio corpo, nos irmãos. O autor lamenta que Jesus possa vir a ser, para nós, apenas um conceito filosófico, e não uma Pessoa real com quem fazemos contato direto. Ele diz:
“Como cristão, eu posso sentir a mim mesmo como um pedaço de aço no fogo da purificação. As tenazes que me sustentam têm dois braços: o insondável mistério de Cristo e o aspecto terrivelmente concreto de sua aproximação em minha direção. Eu posso ser tentado a escapar da pegada de um desses braços: ou reduzindo Cristo a uma descoberta filosófica humana, ou exaltando seu abaixamento como uma exibição de força.”
No entanto, Jesus é real, uma Pessoa concreta, sempre tentando chegar-se a mim. Mas não vem como uma demonstração de poder que me vacina contra as peripécias da condição humana. Para muitos santos, o “toque” de Jesus incluiu estigmas, dores e cruzes. Talvez isto explique mantê-lo à distância…
Orai sem cessar: “Deus fere, mas suas mãos curam…” (Jó 5,18)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.