Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 03 DE FEVEREIRO DE 2025

SEGUNDA-FEIRA  – 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia da 4ª semana)
Antífona da entrada
Salvai-nos, Senhor nosso Deus, e do meio das nações nos congregai, para ao vosso nome agradecer e para termos nossa glória em vos louvar! (Sl 105,47)
Primeira Leitura: Hebreus 11,32-40
Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 32que mais devo dizer? Não teria tempo de falar mais sobre Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas. 33Estes, pela fé, conquistaram reinos, praticaram a justiça, foram contemplados com promessas, amordaçaram a boca dos leões, 34extinguiram o poder do fogo, escaparam do fio da espada, recobraram saúde na doença, mostraram-se valentes na guerra, repeliram os exércitos estrangeiros. 35Mulheres reencontraram os seus mortos pela ressurreição. Outros foram esquartejados ou recusaram o resgate, para chegar a uma ressurreição melhor. 36Outros ainda sofreram a provação dos escárnios, experimentaram o açoite, as correntes, as prisões. 37Foram apedrejados, foram serrados ou morreram a golpes de espada. Levaram vida errante, vestidos com pele de carneiro ou pelos de cabra; oprimidos e atribulados, sofreram privações. 38Eles, de quem o mundo não era digno, erravam pelos desertos e pelas montanhas, pelas grutas e cavernas da terra. 39E, no entanto, todos eles, se bem que pela fé tenham recebido um bom testemunho, apesar disso não obtiveram a realização da promessa. 40Pois Deus estava prevendo, para nós, algo melhor. Por isso não convinha que eles chegassem à plena realização sem nós. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 30(31)
Resposta: Fortalecei os corações, / vós que ao Senhor vos confiais!
1. Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, / que reservastes para aqueles que vos temem! / Para aqueles que em vós se refugiam, / mostrando, assim, o vosso amor perante os homens. – R.
2. Na proteção de vossa face os defendeis, / bem longe das intrigas dos mortais. / No interior de vossa tenda os escondeis, / protegendo-os contra as línguas maldizentes. – R.
3. Seja bendito o Senhor Deus, que me mostrou / seu grande amor numa cidade protegida! – R.
4. Eu que dizia quando estava perturbado: / “Fui expulso da presença do Senhor!” / Vejo agora que ouvistes minha súplica / quando a vós eu elevei o meu clamor. – R.
5. Amai o Senhor Deus, seus santos todos, † ele guarda com carinho seus fiéis, / mas pune os orgulhosos com rigor. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós / e Deus visitou o seu povo, aleluia (Lc 7,16). – R.
Evangelho: Marcos 5,1-20
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi ao seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes!” 8Com efeito, Jesus lhe dizia: “Espírito impuro, sai desse homem!” 9Então Jesus perguntou: “Qual é o teu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é Legião, porque somos muitos”. 10E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região. 11Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou então: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13Jesus permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a manada – mais ou menos uns dois mil porcos – atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou.
14Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes estava possuído pela Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19Jesus, porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: “Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20Então o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Manda-nos para os porcos! (Mc 5,1-20)
Este foi o pedido desesperado que os demônios fizeram a Jesus, ao perceberem que seriam expulsos do infeliz possesso que morava entre os túmulos. Toda vez que comento este Evangelho, sou tentado irresistivelmente a ironizar aqueles sábios teólogos que traduzem como epilepsia os casos de possessão citados na vida de Jesus. É que, se assim fosse, estaríamos diante de uma até hoje desconhecida epilepsia suína (sic), pois os demônios logo foram transferidos para o rebanho de porcos, que se projetou no abismo do mar. Desta vez, porém, não serei cáustico…
A lição evidente nesta cena do Evangelho é a extrema dependência que os demônios experimentam em relação a Deus. Eles até precisam de uma “autorização” para mudarem de pousio. Atanásio de Alexandria [295-374 d.C.] ensina que “o diabo não tem autoridade nem mesmo sobre os porcos, pois os demônios suplicaram ao Senhor, dizendo: ‘permita que entremos nos porcos’. Se eles não têm autoridade nem mesmo sobre os porcos, com muita mais razão não a terão contra o homem”.
Para este mestre espiritual, nós não devemos temer as sugestões do maligno, pois as orações, os jejuns e a fé no Senhor logo os lançam por terra. Vencidos, porém, eles não desanimam, retornam sempre com trapaças e confusões. Mesmo assim, não devemos temê-los, pois “foram reduzidos a escorpiões e serpentes para que nós, cristãos, os calquemos a nossos pés”.
Ora, nós não somos porcos – esses animais que o povo da Bíblia considerava como o símbolo máximo de impureza. O coração do homem não foi criado para ser a pousada de maus espíritos. O coração do batizado é um templo onde habita o Espírito Santo. Somente o próprio fiel, santificado pelo Batismo, pode abrir suas portas para qualquer eventual invasão dos demônios.
Daí a lição de Atanásio: “Assim sendo, é somente a Deus que devemos temer; aos demônios, é preciso desprezar. Eles fazem tudo para não serem calcados a nossos pés. Eles conhecem, de fato, a graça que o Salvador concedeu contra eles aos fiéis, quando ele disse: ‘Eis que vos dei o poder de calcar aos pés serpentes, escorpiões e toda potência do inimigo’”. (Lc 10,19)
A pedagogia cristã – a começar pelos pais – deveria insistir mais na habitação divina em cada pessoa batizada. As crianças, desde a idade da razão, deveriam ser despertadas para a presença íntima e amiga do Espírito Santo em seu coração. E não haveria mais possessos entre nós…
Orai sem cessar: “Não sabeis que sois o templo de Deus?” (1Cor 3,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.