LITURGIA DO DIA 02 DE OUTUBRO DE 2024
QUARTA-FEIRA – SANTOS ANJOS DA GUARDA
(branco, pref. dos anjos – ofício da memória)
Antífona da entrada
Anjos do Senhor, bendizei ao Senhor; louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim! (Dn 3,58)
Primeira Leitura: Êxodo 23,20-23
Leitura do livro do Êxodo – Assim diz o Senhor: 20“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. 21Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. 22Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. 23O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos eveus e dos jebuseus, e eu os exterminarei”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 90(91)
Resposta: O Senhor deu uma ordem aos seus anjos / para em todos os caminhos te guardarem.
1. Quem habita ao abrigo do Altíssimo / e vive à sombra do Senhor onipotente / diz ao Senhor: “Sois meu refúgio e proteção, / sois o meu Deus, no qual confio inteiramente”. – R.
2. Do caçador e do seu laço ele te livra. / Ele te salva da palavra que destrói. / Com suas asas haverá de proteger-te, / com seu escudo e suas armas, defender-te. – R.
3. Não temerás terror algum durante a noite / nem a flecha disparada em pleno dia; / nem a peste que caminha pelo escuro / nem a desgraça que devasta ao meio-dia. – R.
4. Nenhum mal há de chegar perto de ti, / nem a desgraça baterá à tua porta; / pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos / para em todos os caminhos te guardarem. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendizei ao Senhor Deus, os seus poderes, / seus ministros que fazeis sua vontade! (Sl 102,21) – R.
Evangelho: Mateus 18,1-5.10
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquela hora, 1os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” 2Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. 4Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. 5E quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe. 10Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”. – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Os seus anjos no céu… (Mt 18,1-5.10)
Neste Evangelho, Jesus se refere aos anjos que acompanham os “pequeninos” em sua vida terrena, ao mesmo tempo que contemplam a Deus no céu. Em tempos de racionalismo (nem sempre muito racional…) a existência de anjos – seres espirituais criados por Deus – é contestada até por teólogos que preferem rasgar muitas páginas da Bíblia e zombar da tradição como se os anjos fossem uma espécie de mitologia infantil.
Naturalmente, esses “sábios” não devem ficar muito à vontade quando, na celebração eucarística, são convidados a cantar o “Santo, santo, santo” em união com os anjos e os arcanjos, querubins e serafins…
Ora, os Padres da Igreja sempre levaram a sério o papel dos seres angélicos na vida do cristão. Com base no ensinamento deles, o teólogo Jean Daniélou comenta: “Certamente, um anjo foi dado ao homem desde o seu nascimento. Esta é uma doutrina antiga”. E são várias as “funções” do anjo: ele é um instrutor, como mensageiro de boas inspirações junto às almas. Os anjos da guarda – diz Daniélou – “protegem a alma contra as perturbações exteriores e interiores. São encarregados de repreendê-la e puni-la quando ela se desvia do caminho reto. Eles a assistem em sua oração e transmitem seus pedidos a Deus. Estas três funções são atribuídas ao anjo guardião: ele é o anjo da paz (Crisóstomo), o anjo da penitência (Hermas) e o anjo da oração (Tertuliano)”.
O Livro de Tobias mostra a presença do Arcanjo Rafael como companheiro de caminhado, instrutor e guia espiritual. Mas Daniélou destaca o papel dos anjos na proteção contra os demônios, em especial junto aos catecúmenos, mais expostos à tentação. Exatamente um papel que foi acentuado por Santo Hilário: “Nos combates que enfrentamos para permanecer fortes contra as potências do mal, os anjos nos assistem. (…) Existem anjos dos pequeninos que contemplam todo dia a face de Deus. Os espíritos foram enviados para socorrer o gênero humano. De fato, se os anjos não lhes fossem dados, nossa fraqueza não poderia resistir aos ataques numerosos e potentes dos espíritos celestes”.
A devoção ao anjo da guarda inclui um óbvio papel na psicologia da criança, que cresce em permanente luta contra seus medos: medo do escuro, medo de ficar sozinha, medo de perder os pais etc. A certeza da presença do companheiro celeste é fator de equilíbrio emocional, de modo que os pequenos, para equilibrar suas tensões internas, não precisarão recorrer ao urso de pelúcia ou ao tigre imaginário…
A presença dos anjos é obviamente um sinal do amor de Deus por suas criaturas, cuja fragilidade comove o Criador, que não nos deixará desarmados diante do mal.
Orai sem cessar: “Mandarei um anjo à tua frente para guardar o teu caminho!” (Ex 23,20)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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