Liturgia Diária

LITURGIA DO DIA 01 DE FEVEREIRO DE 2025

SÁBADO DA 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia da 3ª semana do saltério)
Antífona da entrada
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Glória e esplendor em sua presença, santidade e beleza no seu santuário (Sl 95,1.6).
Primeira Leitura: Hebreus 11,1-2.8-19
Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 1a fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. 2Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. 8Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia. 9Foi pela fé que ele residiu como estrangeiro na terra prometida, morando em tendas com Isaac e Jacó, os coerdeiros da mesma promessa. 10Pois esperava a cidade alicerçada que tem Deus mesmo por arquiteto e construtor. 11Foi pela fé também que Sara, embora estéril e já de idade avançada, se tornou capaz de ter filhos, porque considerou fidedigno o autor da promessa. 12É por isso também que de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão “comparável às estrelas do céu e inumerável como a areia das praias do mar”. 13Todos esses morreram na fé. Não receberam a realização da promessa, mas a puderam ver e saudar de longe e se declararam estrangeiros e migrantes nesta terra. 14Os que falam assim demonstram que estão buscando uma pátria, 15e se se lembrassem daquela que deixaram, até teriam tempo de voltar para lá. 16Mas, agora, eles desejam uma pátria melhor, isto é, a pátria celeste. Por isso, Deus não se envergonha deles ao ser chamado o seu Deus. Pois preparou mesmo uma cidade para eles. 17Foi pela fé que Abraão, posto à prova, ofereceu Isaac; ele, o depositário da promessa, sacrificava o seu filho único, 18do qual havia sido dito: “É em Isaac que uma descendência levará o teu nome”. 19Ele estava convencido de que Deus tem poder até de ressuscitar os mortos e assim recuperou o filho – o que é também um símbolo. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: Lucas 1
Resposta: Bendito seja o Senhor Deus de Israel, / porque a seu povo visitou e libertou!
1. Fez surgir um poderoso salvador / na casa de Davi, seu servidor, / como falara pela boca de seus santos, / os profetas desde os tempos mais antigos. – R.
2. Para salvar-nos do poder dos inimigos / e da mão de todos quantos nos odeiam. / Assim mostrou misericórdia a nossos pais, / recordando a sua santa aliança. – R.
3. E o juramento a Abraão, o nosso pai, / de conceder-nos que, libertos do inimigo, / a ele nós sirvamos sem temor, † em santidade e em justiça diante dele, / enquanto perdurarem nossos dias. – R.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus o mundo tanto amou, / que lhe deu seu próprio Filho, / para que todo o que nele crer / encontre vida eterna (Jo 3,16). – R.
Evangelho: Marcos 4,35-41
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – 35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” 36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38Jesus estava na parte detrás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” 39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” 41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” – Palavra da salvação.
Liturgia comentada
Por que estais com medo? (Mc 4,35-41)
O coração do homem pode ser alvo de feras terríveis, como o ódio, a inveja e o ciúme. Mas é o medo que paralisa seus passos, recolhe suas mãos e impede que ele assuma a missão que Deus lhe reservou.
Neste Evangelho, um vendaval ameaça levar ao fundo a barca que vai sendo inundada pela água embravecida. Jesus dormia, como anotou o Evangelista? Ou talvez simulasse dormir no meio de toda a agitação, testando a reação dos discípulos? O fato que é, muito assustados, eles vão acordar o Mestre, vencidos pelo terror. Seu chamado é quase uma acusação: “Não te importa que pereçamos?”
Neste início de milênio, a sociedade planetária também se vê ameaçada em sua sobrevivência: graves alterações climáticas, a crescente poluição, o buraco da camada de ozônio, tudo faz pensar em uma catástrofe sem proporções. Enfermidades novas (como a AIDS) e antigas (como a tuberculose) são virtuais pandemias. Os desequilíbrios sociais e econômicos alimentam a onda terrorista.
Diante desse panorama assustador, duas reações predominam: o desespero pânico e o cinismo niilista. Em ambos os grupos, não se percebe nenhum sinal de esperança, de confiança em um Deus que é Pai e, por isso mesmo, saberá cuidar de seus filhos. É desta convicção que brota o dinamismo capaz de animar alguém a se comprometer com algum tipo de trabalho para recuperar o ambiente degradado, recompor as relações sociais, reduzir a desigualdade econômica, enfim, dedicar sua vida para a construção do Reino de Deus (e da cidade dos homens).
Há muitas outras tempestades na vida humana. Traições da pessoa amada. Doenças inesperadas. Perda de entes queridos. O coração sitiado por paixões avassaladoras. A injustiça sistêmica. Seja qual for o mar agitado que nos cerca, é o mesmo Jesus quem nos vem perguntar: “Por que estais assim com medo? Não tendes fé?”
No fundo, é como se o Senhor nos perguntasse: “Não percebeis que eu também estou na mesma barca? Não abandono a Igreja à sua humanidade? Não me ausento de vosso lar?” A impressão de que estamos sós, abandonados à nossa fragilidade, é ilusão ou tentação. Ou as duas coisas…
Aliás, os não cristãos estão permanentemente de olho em nós. Querem ver nossas reações diante das dificuldades desta vida. Se nos deixamos dominar pelo medo, abanarão a cabeça e duvidarão de nossa fé. Se permanecermos em paz, é este exato testemunho que pode aproximá-los do Senhor Jesus!
Orai sem cessar: “O Senhor reduziu a tempestade ao silêncio”. (Sl 107,29)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.