Liturgia Diária

LITURGIA DE 28 DE MARÇO DE 2020

LITURGIA DE 28 DE MARÇO DE 2020

SABADO DA IV SEMANA DA QUARESMA
(Roxo, ofício do dia)

Antífona da entrada

– As ondas da morte me cercavam, tragavam-me as torrentes infernais; na minha angustia chamei pelo Senhor, de seu templo ouviu a minha voz
(Sl 17,5).

Oração do dia

– Ó Deus, na vossa misericórdia, dirigi os vossos corações, pois, sem o vosso auxílio, não vos podemos agradar. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Jr 11,18-20

– Leitura do livro do profeta Jeremias: 18Senhor, avisaste-me e eu entendi; fizeste-me saber as intrigas deles.19Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: “Vamos cortar a árvore em toda a sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado”. 20E tu, Senhor dos exércitos, que julgas com justiça e perscrutas os afetos do coração, concede que eu veja a vingança que tomarás contra eles, pois eu te confiei a minha causa.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 7,2-3.9bc-10.11-12 (R: 2a)

– Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.
R: Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.

– Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio: vinde salvar-me do inimigo, libertai-me! Não aconteça que agarrem minha vida como um leão que despedaça a sua presa, sem que ninguém venha salvar-me e libertar-me!
R: Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.

– Julgai-me, Senhor Deus, como eu mereço e segundo a inocência que há em mim! Ponde um fim à iniquidade dos perversos, e confirmai o vosso justo, ó Deus-justiça, vós que sondais os nossos rins e corações.
R: Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.

– O Deus vivo é um escudo protetor, e salva aqueles que têm reto coração. Deus é juiz, e ele julga com justiça, mas é um Deus que ameaça cada dia.
R: Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 7,40-53

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai que é amor!
Gloria a Cristo, imagem do Pai, a plena verdade.

– Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15).

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai que é amor!

– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João
– Glória a vós, Senhor!

– Naquele tempo, 40ao ouvirem as palavras de Jesus, algumas pessoas diziam: “Este é, verdadeiramente, o Profeta”. 41Outros diziam: “Ele é o Messias”. Mas alguns objetavam: “Porventura o Messias virá da Galileia? 42Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá de Belém, povoado de onde era Davi?” 43Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele. 45Então, os guardas do Templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus, e estes lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?” 46Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como este homem”. 47Então os fariseus disseram-lhes: “Também vós vos deixastes enganar? 48Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? 49Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!” 50Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: 51“Será que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez?” 52Eles responderam: “Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta”. 53E cada um voltou para sua casa.

– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

Liturgia comentada

Homem algum falou como este! (Jo 7,40-53)

Esta frase categórica saiu da boca dos guardas enviados pelos sacerdotes do Templo de Jerusalém com a missão de prender Jesus de Nazaré, cujo ensinamento ameaçava os donos do poder. Depois de se misturarem à multidão e ouvirem a pregação do Rabi, os soldados regressam aos chefes com as mãos vazias. E se justificam: “Homem algum falou como este homem!”

Não só os guardas daquele tempo, mas também os homens de empresa deste início de milênio estão descobrindo uma nova faceta em Jesus: seu notável poder de liderança! Uma palavra, e o seguem: “Vinde e vede!” (Jo 1,39.) Uma ordem e os demônios fogem: “Sai deste homem!” (Mc 1,25.) Um gesto e os guardas caem por terra (Jo 18,6). Sem poder econômico, sem recursos financeiros, sem apoio político, Jesus Cristo dividiu a História em duas fatias: antes de Cristo / depois de Cristo.

Diferentemente dos demais mestres da Lei de seu tempo, que ensinavam exclusivamente apoiados em uma tradição, sempre a citar as lições de seus próprios mestres, Jesus de Nazaré vem ensinar “com autoridade” (Mt 7,29) e afirma que só repete aquilo que ouviu do próprio Pai. Audaciosamente, ele chega a contrapor a herança mosaica a uma Boa Nova ainda mais exigente: “Vocês ouviram dos antigos… Eu, porém, vos digo…” (Cf. Mt 5,21.27.33.)

Não admira que corresse entre a multidão um frisson de admiração capaz de gerar muitas perguntas: “Seria ele o Messias esperado?” Pobre, de origem humilde, proveniente da periferia de Israel, como aquele “filho do carpinteiro” agitava de tal modo a sociedade de seu tempo?

Aqueles que organizam seminários para analisar a “liderança de Jesus Cristo” certamente não conseguirão encontrar aa resposta em sua oratória, em sua inteligência ou em seus recursos de neurolinguística. O que atrai em Jesus é, simplesmente, a Verdade. Não só a Verdade que ele traz do Pai, mas a Verdade que ele é. Todo aquele que faz contato com sua Palavra recebe a dupla revelação: uma revelação sobre Deus e uma revelação a respeito do homem.

Enquanto ouvem o Rabi da Galileia, seu coração chega a arder (cf. Lc, 24,32). Seu anúncio arranca as vendas que velavam os olhos humanos. Agora, sim, sabemos que Deus é nosso Pai. Agora, enfim, sabemos que somos filhos. Depois disso, a quem iremos (Jo 6,68), a não ser ao Senhor?

Orai sem cessar: “Guardo no fundo do meu coração a vossa Palavra!” (Sl 119,11)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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