Liturgia Diária

LITURGIA DE 22 DE AGOSTO DE 2020

LITURGIA DE 22 DE AGOSTO DE 2020

SÁBADO – NOSSA SENHORA RAINHA
(branco, pref. de Maria – ofício da memória)

Antífona da entrada

– A rainha está à vossa direita com suas vestes de ouro, ornada de esplendor (Sl 44,10).

Oração do dia

– Ó Deus, que fizestes a mãe de vosso Filho nossa mãe e rainha, dai-nos, por sua intercessão, alcançar o reino do céu e a glória prometida aos vossos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Is 9, 1-6

– Leitura do livro do profeta Isaías – 1O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. 2Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. 3Pois o jugo que oprimia o povo, — a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais — tu os abateste como na jornada de Madiã. 4Botas de tropa de assalto, trajes manchados de sangue, tudo será queimado e devorado pelas chamas. 5Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. 6Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade, a partir de agora e para todo o sempre. O amor zeloso do Senhor dos exércitos há de realizar estas coisas.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 113, 1-2.3-4.5-6.7-8 (R: 2)

– Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!

– Louvai, louvai, ó servos do Senhor, louvai, louvai o nome do Senhor! Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade.
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!

– Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o nome do Senhor! O Senhor está acima das nações, sua glória vai além dos altos céus.
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!

– Quem pode comparar-se ao nosso Deus, ao senhor, que no alto céu tem o seu trono e se inclina para olhar o céu e a terra?
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!

– Levanta da poeira o indigente e do lixo ele retira o pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os nobres, assentar-se com os nobres do seu povo.
R: Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.

– Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra! (Lc 1,28).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 1, 26-38

– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
– Glória a vós, Senhor!

– Naquele tempo, 26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem prometida em casamento a um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. 29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu Pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 33e o seu reino não terá fim. 34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? 35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 37porque a Deus nenhuma coisa é impossível. 38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.

– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

Liturgia comentada

Eis a escrava do Senhor… (Lc 1,26-38)

Senhora [domina], Guia [ducissa], Imperatriz [imperatrix] – eis alguns dos títulos que a piedade popular atribuiu à Mãe de Deus nestes vinte séculos de cristianismo. Desde que a figura de Cristo, Senhor do Universo, foi representada como um rei coroado – imagem emprestada dos regimes monárquicos deste mundo -, os fiéis não hesitaram em coroar também a Mãe do Senhor.

O primeiro a chamar Maria de “rainha” terá sido o poeta e teólogo Santo Efrém, o Sírio [séc. IV]. Na Ladainha Lauretana, há uma série de invocações a Maria enquanto rainha: dos apóstolos, dos anjos, dos mártires etc. Embora não tenha fundamento bíblico, o título se justifica pelas palavras de Gabriel na Anunciação, quando afirma que o Filho de Maria ocupará o “trono de Davi, seu pai” (Lc 1,32). Entretanto, nenhum outro título engrandece mais a escolhida de Deus que a invocação conciliar como Mãe de Deus [Theotókos].

Nos regimes monárquicos, enquanto os reis eram a imagem do poder, da força e do arbítrio, acumulando as funções de legislador, general e juiz, a imagem das rainhas representava a misericórdia: era a rainha quem intercedia pelos réus, suplicando a “graça”, isto é, a comutação da pena. A Rainha Ester da Bíblia encarna com perfeição esse “serviço da rainha”.

Entretanto, a própria Maria de Nazaré não se vê como rainha, mas como humilde serva de Deus. Na verdade, apresenta-se como sua “escrava”. Quando Gabriel lhe apresenta a proposta de Deus, Maria dá a resposta: “Eis aqui a escrava do Senhor!” Algumas traduções optam por “serva”, mas não é o que está no texto latino de S. Jerônimo [ancilla Domini] nem no grego de São Lucas [doúle kyriou]. A palavra “serva” faz pensar em uma empregadinha doméstica, com avental e dragonas nos ombros, com carteira assinada e direitos trabalhistas. Ora, escrava é outra coisa!

A resposta de Maria de Nazaré tem um sentido existencial que toca o profundo de seu ser. É como se Maria dissesse: “Se você acaba de me revelar qual é o desígnio de Deus a meu respeito, quem sou para ter vontade própria e escolher diferentemente? Deixo de lado qualquer projeto pessoal, pois Deus me diz o que fazer”.

É desta forma que a Mãe de Deus nos aponta o caminho do Reino: se queremos “reinar” com Cristo, devemos começar por “servir”. Ela sabe que não há maior glória que servir a Deus…

Orai sem cessar: “Meu Deus, quero fazer o que te agrada!” (Sl 40,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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