Liturgia Diária

LITURGIA DE 03 DE ABRIL DE 2020

LITURGIA DE 03 DE ABRIL DE 2020

SEXTA FEIRA DA V SEMANA DA QUARESMA
(Roxo, pref. Paixão I – ofício do dia)

Antífona da entrada

– Tende piedade de mim, Senhor, a angustia me oprime. Libertai-me das mãos dos inimigos e livrai-me daqueles que me perseguem. Não serei confundido, Senhor, porque vos chamo (Sl 30,10.16.18).

Oração do dia

– Perdoai, ó Deus, nós vos pedimos, as culpas do vosso povo. E, na vossa bondade, desfazei os laços dos pecados que em nossa fraqueza cometemos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Jr 20,10-13

– Leitura do livro do profeta Jeremias: 10Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: “Denunciai-o, denunciemo-lo”. Todos os amigos observam minhas falhas: “Talvez ele cometa um engano e nós poderemos apanhá-lo e desforrar-nos dele”.11Mas o Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem cairão vencidos. Por não terem tido êxito, eles se cobrirão de vergonha. Eterna infâmia, que nunca se apaga! 12Ó Senhor dos exércitos, que provas o homem justo e vês os sentimentos do coração, rogo-te me faças ver tua vingança sobre eles; pois eu te declarei a minha causa. 13Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor, pois ele salvou a vida de um pobre homem das mãos dos maus.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 18,2-3a.3b-4.5-6.7 (R: 7)

– Ao Senhor eu invoquei na minha angústia e ele escutou a minha voz.
R: Ao Senhor eu invoquei na minha angústia e ele escutou a minha voz.

– Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, minha rocha, meu refúgio e Salvador!
R: Ao Senhor eu invoquei na minha angústia e ele escutou a minha voz.

– Meu Deus, sois o rochedo que me abriga, minha força e poderosa salvação, sois meu escudo e proteção: em vós espero! Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! e dos meus perseguidores serei salvo!
R: Ao Senhor eu invoquei na minha angústia e ele escutou a minha voz.

– Ondas da morte me envolveram totalmente, e as torrentes da maldade me aterraram; os laços do abismo me amarraram e a própria morte me prendeu em suas redes!
R: Ao Senhor eu invoquei na minha angústia e ele escutou a minha voz.

– Ao Senhor eu invoquei na minha angústia e elevei o meu clamor para meu Deus; de seu Templo ele escutou a minha voz, e chegou a seus ouvidos o meu grito!
R: Ao Senhor eu invoquei na minha angústia e ele escutou a minha voz.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João:Jo 10,31-42

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai que é amor!
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai que é amor!

– Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavra de vida eterna! (Jo 6,63.68)

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai que é amor!

– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João
– Glória a vós, Senhor!

– Naquele tempo, 31os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. 32E ele lhes disse: “Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?”33Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque sendo apenas um homem, tu te fazes Deus!” 34Jesus disse: “Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? 35Ora, ninguém pode anular a Escritura: se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, 36por que então me acusais de blasfêmia, quando eu digo que sou Filho de Deus, eu a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo? 37Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. 38Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais acreditar em mim, acreditai nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. 39Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles. 40Jesus passou para o outro lado do Jordão, e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. 41Muitos foram ter com ele, e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem, é verdade”. 42E muitos, ali, acreditaram nele.

– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

Liturgia comentada

Pretendes ser Deus? (Jo 10,31-42)

Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro, acaba de dizer que “seu Pai” é maior que todos. E afirma diante da multidão, em pleno pórtico de Salomão: “Eu e o Pai somos um”. (Jo 10,29-30) Os judeus entendem isto como uma blasfêmia, uma pretensão inaceitável, e pegam pedras para lapidar o pregador herético.

Estamos diante de um ponto central da fé cristã. Trata-se da pessoa de Jesus Cristo. É apenas um homem iluminado? É um profeta como tantos outros? É um mero agitador das massas? É um possível líder capaz de capitanear uma revolta contra os dominadores romanos? Seria um curandeiro como tantos outros de seu tempo? É um desequilibrado mental, como chegaram a pensar alguns de seus parentes? (cf. Mc 3,21)

Aqui se apresenta a cada pessoa a ocasião de fazer uma escolha em relação a Jesus. Se é apenas um homem, sua pretensão de “ser um” com Deus merece repulsa. Mas se é de fato o Filho do Pai, o ato de fé se oferece a cada um de nós. É diante desta encruzilhada que se posicionam os evangelistas do primeiro século.

São Marcos abre desta forma o seu texto: “Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. (Mc 1,1) E ao longo de sua narrativa, ele nos apresenta aqueles que se interrogam a esse respeito: “Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?” (Mc 4,41) E o próprio espírito maligno a testemunhar aos gritos: “Tu és o Filho de Deus!” (Mc 3,11)

São Mateus registra, no batismo do Jordão, uma cena de identificação quando a voz do Pai afirma sobre Jesus: “Este é o meu Filho amado; nele está o meu agrado”. (Mt 3,17) E o episódio da transfiguração iria confirmar esta revelação: “Este é o meu Filho amado… Escutai-o!” (Mt 17,5)

Em seu magnífico Prólogo, o evangelista João usa de extrema clareza: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer”. (Jo 1,18)

Tudo isto, porém, seria insuficiente, creio, se o próprio Jesus não vivesse com o Pai uma relação filial. Ele usa de uma pequena palavra aramaica – Abbá – para se dirigir a Deus. Trata-se de um diminutivo afetivo típico de uma criança que mal começa a falar, com certeza a mesma expressão que Jesus dirigia a José. É um termo de máxima intimidade, absolutamente fora de cogitação em uma sociedade onde Deus era visto como distante, separado por um véu espesso, escondido na nuvem e invocado como “Senhor dos exércitos”. Por isso mesmo, na única oração que ele nos ensinou, começa por chamar a Deus de “Pai nosso” …

Orai sem cessar:“E será chamado Filho do Altíssimo…” (Lc 1,32)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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