Puros de coração não nos deixa contaminar pelo fermento da maldade humana
Uma virtude, já é digna por si só, de ser repetida e fingida; porém, quando ela é proposta por Deus, ela deve se tornar ainda mais desejada.
Santo Afonso nos propõe para esse mês a virtude da Pureza de Coração, e a Pureza que nos propõe é a inocência, a capacidade de não nos deixar contaminar pelo fermento da maldade humana.
Em um mundo cada vez mais hedonista, Jesus nos anuncia: “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”.
Por séculos a virtude da Pureza foi similar à castidade e esteve ligada à dimensão da sexualidade.
Hoje somos convidados a dar um passo além e enxergá-la na perspectiva do equilíbrio, de cultivar em nosso interior o desejo do bem e da simplicidade, de ter a Deus como nosso único objetivo.
Certa ocasião, disse o filósofo Jean-Jacques Rousseau: “A inocência não se envergonha de nada.” De fato, quando nos colocamos diante de Deus com pureza de coração, nos assemelhamos às crianças, que são puras e autênticas por natureza.
A Pureza de Coração ou Inocência não nos impede de errar; pior do que errar é não querer mudar.
Como disse William Shakespeare: “Todos erraram um dia: seja por descuido, inocência ou maldade”.
Conservar a Pureza de Coração é um convite para olharmos à vida na perspectiva das crianças! Nunca nos esqueçamos das palavras do Divino Mestre no Sermão da Comunidade: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”. Daí percebemos o porquê dos puros de coração verem a Deus.
Santo Afonso nos ensina que “A santa pureza faz o homem semelhante aos espíritos celestiais”. A Pureza de Coração gera no homem o desprendimento, a simplicidade, o amor a Deus. Essa virtude ajuda a superar todo o desejo de rivalidade ou de competição. Para alcançá-la é necessária resiliência! Abnegação!
Conseguimos superar a visão pessimista da Pureza. Devemos fazer uma leitura na ordem da graça, de quando os homens na sua inocência primeira, viam a Deus que passava pelo jardim. Se formos puros de coração veremos a Deus como Ele é! E a pureza nos permite que Deus nos veja como nós realmente somos.
A Pureza de Coração nos permite vencer toda hipocrisia e falsa modéstia. A Pureza de Coração nos torna livres! livres para amar, amar a Deus.
A mesma Pureza que nos permitirá um dia ver a Deus, é uma virtude que me permite ver o próximo. A Pureza de Coração deve me provocar, me desinstalar!
Que esta virtude me leve ao cuidado do meu irmão, nos faça mais irmãos. Queremos um mundo mais puro, livre do fermento da maldade, capaz de ver a Deus que caminha ao nosso lado e não desprezar a Sua criação.
Ao longo de toda sua vida, Santo Afonso, buscou viver a Pureza de Coração, sem perder a inocência dos santos, sem se refugiar nas ilusões. Sua vida foi marcada por uma constante procura pelas coisas do Céu, ele sabia que para ver a Deus era necessário cultivar o coração puro, livre das possíveis paixões que o distanciasse de seu único desejo: o Santíssimo Redentor.
Jesus Redentor é a fonte que emana toda Pureza de Coração, é do lado aberto pela lança que jorra sobre nós a inocência. Se queremos alcançar essa virtude devemos ter olhos fixos no Divino Mestre. Basta gravarmos aquela jaculatória:
Para encerrar este momento de reflexão, vamos rezar a seguinte oração:
“Alcançai-me a graça de imitar as vossas virtudes e de trilhar o caminho da perfeição cristã. Obtende-me especialmente a santa pureza, o desapego das criaturas, uma devoção terna e constante a Jesus sacramentado e a Maria Santíssima, o espírito de oração e um zelo ardente pela salvação das almas”.
Fonte: A12