Cada cardeal é filho de uma história pessoal
Cada cardeal é filho de uma história pessoal
Está de aniversário o cardeal mais velho do próximo conclave, o alemão Walter Kasper, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Seus 80 anos, completados agora que a sé vacante já foi declarada, não o excluem da votação do próximo papa.
Por outro lado, as últimas horas têm ouvido muitos comentários sobre a idade dos cardeais que entrarão na Capela Sistina. Setenta eleitores têm 70 anos ou mais de vida. Abaixo dessa idade, tida informalmente como “limite” para a escolha do novo papa, há outros quarenta e cinco purpurados.
“Tudo tem limite”
Os analistas e os fiéis com experiência em vários papados têm opinado que “tudo tem limites”. Um pontificado longo, como os vinte e sete anos do papado de João Paulo II, deixa marcas e transformações, mas seria melhor se não chegasse ao fim com um papa tão doente. Outros opinam que um papado muito curto, como o de Bento XVI, que durou menos de oito anos, é insuficiente.
Qual é o ponto de equilíbrio? Se pensarmos que um bispo não é nomeado com menos de 45 anos e que tem de se aposentar aos 75, o seu tempo médio para exercer o ministério é de trinta anos, seja localmente, seja em algum cargo da cúria romana, incluídas as nunciaturas.
Mas ser pontífice, ou bispo de Roma, não é a mesma coisa. O desgaste é muito maior. Ser o vigário de Cristo é uma tarefa sem férias, sem auxiliares, sem vigários pontifícios; e tudo o que concerne à estratégia e à reserva do papado recai somente no papa.
E há mais. Ninguém pode ensinar ou abençoar em seu nome, nem receber em audiências a metade do mundo, nem viajar em sua representação a lugares onde só alguém da sua investidura é esperado. Tudo isto sem contar a superexposição midiática, a escuta isolada dos problemas mundiais e a plena atenção ao desenvolvimento da Igreja em âmbito universal.
Um papado bem desempenhado, com todas as energias e faculdades dedicadas a ele (e Bento XVI demonstrou que não existe outra forma de se exercer o pontificado), deveria durar, em números teóricos, ideais, um máximo de vinte e cinco anos.
Sendo assim, os cardeais eleitores e elegíveis que poderiam trabalhar neste ritmo e encerrar seu pontificado por decisão própria ao atingirem uma certa idade, desconsiderando-se o caso de falecimento, são apenas quarenta e cinco.
Quem são os quarenta e cinco
Seguindo esta lógica pastoral e de caridade humana, os cardeais que poderiam receber a missão de comandar a barca de Pedro seriam os que saíssem do conclave ainda com menos de setenta anos de idade.
Fazem parte deste grupo tanto cardeais que estão exercendo o seu trabalho pastoral nas suas respectivas dioceses quanto outros que têm altas responsabilidades na cúria romana.
Incluem-se entre eles os italianos Angelo Bagnasco, Crescenzio Sepe, Giuseppe Betori, Angelo Comastri, e os curiais Domenico Calcagno, Giuseppe Versaldi, Mauro Piacenza e Fernando Filoni.
Outro grupo numeroso é composto pelos estadunidenses Sean O'Malley, Daniel Dinardo,Timothy Dolan, James Harvey e o curial Raymond Leo Burke.
Temos ainda os franceses Jean-Pierre Ricard, Philippe Barbarin e Jean-Louis Tauran, este último da cúria, e os indianos Oswald Graças, George Alencherry e Baselios Cleemis Thottunkal.
Seguem-se as duplas de poloneses Kazimierz Nycz e o homem de cúria Stanisław Rylko; os brasileiros Odilo Scherer e o curial João Braz de Aviz; os canadenses Thomas Collins e Marc Ouellet, este da cúria; e os alemães Reinhard Marx e Rainer Maria Woelki.
Como representantes “únicos” de seu respectivo país, temos na América Latina o argentino Leonardo Sandri, curial; o peruano Juan Luis Cipriani e o mexicano Francisco Robles Ortega.
Representarão os asiáticos o cingalês Albert Ranjith e o filipino Luis Antonio Tagle. Da África, vêm os homens de cúria Peter Turkson, ganês, e Robert Sarah, guineano, além dos cardeais John Njue, queniano, Polycarp Pengo, tanzaniano, e John Onaiyekan, nigeriano.
A Europa ainda tem opções com o tcheco Dominik Duka, o austríaco Christoph Schönborn, o bósnio VinkoPuljic, o croata Josip Bozanic, o húngaro Péter Erdo, o holandês Willem Eijk e os curiais Antonio Cañizares, espanhol, e Kurt Koch, suíço.
Em busca de um perfil
Muitos falam e escrevem sobre o tipo de papa que deveria ser eleito, enquanto outros dormem tranquilos na certeza de que o Espírito Santo já escolheu o sucessor de Pedro. Há quem acredite nisto e tema, porém, pelos que bloqueiam a sua ação…
O que se dá por certo é que o próximo pontífice deverá ser bom, acolhedor, peregrino, alegre, pastor, homem de oração, profeta e poliglota.
Há três coisas que são particularmente importantes. Uma é que o papa tenha forças físicas e mentais íntegras durante todo o seu pontificado.
Outra é a “mão dura” para “limpar as coisas” e “unir os setores”: se esta firmeza for exercida com caridade e solicitude, melhor ainda.
A terceira característica destacada, a nosso parecer, é que o próximo pontífice leve adiante uma nova evangelização "integral", que abranja um sóbrio estilo de vida em todos, consagrados e fiéis; uma pregação que considere a diversidade de culturas, mas que atinja todos os seres humanos; uma denúncia profética das estruturas injustas de todo o mundo; e a capacidade de responder com sólida argumentação aos ideólogos da chamada "ditadura do relativismo".
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