A esperança em tempos difíceis
O Catecismo da Igreja Católica inicia as reflexões sob as virtudes teologais afirmando: “As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão, informam e vivificam todas as virtudes morais” (CIC 1813).
Nunca se fez tão necessário conhecer, desejar e pedir a Deus as virtudes da fé, esperança e caridade como nos tempos atuais, onde muitos são os acontecimentos que nos desanimam e nos fazem duvidar se Deus ainda olha pela humanidade. Confesso que, entre as virtudes teologais, a que sempre se destaca em minha busca nos estudos é a virtude da esperança, sem dúvida nenhuma, graças à influência de São João Paulo II, que, em todo o seu pontificado, foi um entusiasta de tal virtude, e é o meu santo de devoção.
O que é a virtude da esperança?
CIC 1817. A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo. “Conservemos firmemente a esperança que professamos, pois Aquele que fez a promessa é fiel” (Hb 10, 23). “O Espírito Santo, que Ele derramou abundantemente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, para que, justificados pela sua graça, nos tornemos, em esperança, herdeiros da vida eterna” (Tt 3,6-7).
Se você deseja ser santo e viver a sua vida cultivando a fé e o amor por onde passar, até chegar no céu, é preciso, antes de tudo, desejar e pedir a Deus a virtude da esperança, que caminha junto com o desejo pelo reino dos céus.
Pare e pense, agora, antes de continuar essa leitura: como anda, em seu interior, a esperança e o desejo pela eternidade?
Se for possível, peça a Deus, agora mesmo: “Desperta, Senhor, em meu coração, a esperança que não decepciona, como nos ensina São Paulo em Romanos 5,5”.
A esperança em ação segundo Bento XVI
Bento XVI dedica toda uma encíclica à esperança, a Spe Salvi. Descreve-a como uma virtude performativa, capaz de “produzir fatos e mudar a vida”. Na sua encíclica escreve: “A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho” (Spe Salvi).
Esperança frente ao medo
Em seu discurso na sede da ONU, em 1995, o Papa João Paulo II nos deixou essa herança espiritual no combate ao medo que, muitas vezes, aprisiona e paralisa:
A esperança não é um otimismo, ditado pela confiança ingênua de que o futuro é necessariamente melhor que o passado. Esperança e confiança são a premissa de uma atuação responsável e têm o seu apoio no íntimo santuário da consciência, onde o ser humano está a sós com Deus, e por isso mesmo intui que não está só entre os enigmas da existência, porque está acompanhado pelo amor do Criador (Discurso à ONU, 5.10.1995).
Reacendendo a chama da esperança
No livro ‘Liberdade interior’, padre Tiago Felipe ensina que é graças à virtude da esperança que, todos os dias pela manhã, podemos recomeçar e nos decidirmos a amar.
Pela fé que transporta montanhas e o amor que tudo pode superar, recorra, hoje mesmo, a crescer pela graça de Deus na busca diária para colocar em prática o sentido da sua esperança que não está enraizada nas coisas que passam, mas na eternidade.
A esperança nunca decepciona (Romanos 5,5)
Fonte: Canção Nova